Mariana Arcuri fechou 2019 com uma resolução para o ano seguinte: criar um Clube do Livro para seus alunos de inglês, na The Scole, no Rio de Janeiro. Por experiência, a professora concluiu que apenas uma obra para gerar a discussão entre os alunos não estimulava tanto as discussões quanto um volume maior de publicações. “Os alunos estão mais conectados e isso permite ampliar os horizontes”, ela comemora.

 

O projeto também nasceu para ajudar a estimular a leitura. Segundo a pesquisa “Retratos da Leitura no Brasil”, realizada pelo Instituto Pró-Livro em 2016, é justamente na adolescência que se lê mais. Na faixa de 11 a 13 anos, o índice aponta para 84% de leitores, já reduzindo para 75% entre 14 a 17 anos. Faixas nas quais estão os alunos de Arcuri. “Ao longo dos anos percebi que se o texto traz temas como paixões, angústias e medo ressoam além da época e, que se encontra e os alunos se identificam”, ela explica.

 

A iniciativa foi interrompida no início do mês, com o isolamento voluntário mudando as rotinas de todos, mas agora que a vida dentro de casa já está mais ajustada, voltará com força. A partir de hoje (1), as aulas serão online, o que proporciona o diálogo com contato visual entre professora e alunos.

 

“A escrita está em desuso, é verdade, mas segue sendo valiosa e dando uma pincelada panorâmica nos estilos diferentes, com as obras importantes, os alunos ampliam seus horizontes também”, explica Arcuri.

 

Na lista selecionada pela professora constam alguns clássicos e foi separada em módulos. O 1º tem ‘Adoráveis Mulheres’, de Mary Louise Alcott, ‘Frankenstein’, de Mary Shelley e ‘Orgulho e Preconceito’, de Jane Austen. Todas autoras mulheres, que lutaram para ter suas obras publicadas em uma época que não era frequente ter escritores que não fossem homens. A leitura, por fazer parte do curso de idiomas, é em inglês, mas a professora está confiante que a dificuldade vai estimular aos alunos.

 

“É normal ter uma maior dificuldade nas páginas iniciais, a cadência entra aos poucos”, ela explica. O mais importante para ela é apresentar obras que se tornaram referências atemporais. A leitura começa em sala e segue para casa, onde as discussões são estimuladas. Cada módulo tem a expectativa de durar 2 meses antes de passar para a nova leva de livros. Começar com as autoras mulheres tem uma razão mais pessoal para Arcuri, fã das três escritoras.

 

“Quis trazer as mulheres primeiro para reforçar a figura feminina autônoma, forte. Para os jovens, exemplo é tudo. Descobrir que essas mulheres conseguiram fazer o que fizeram há 200 anos os deixa bastante surpresos. Os dilemas que elas tratam nos livros são modernos, mesmo que ainda inseridos no contexto da época, por isso ainda nos identificamos com eles”, diz Arcuri.

 

Além de Alcott, Shelley e Austen, há planos ainda para que os próximos módulos incluam Virginia Wolf, Shakespeare, Arthur Miller e Tennessee Williams, entre outros. “É uma forma de plantar uma semente,” ela comemora.

 

Fonte: Claudia.


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