Recentemente, uma pesquisa revelou que as fezes de uma anta podem ajudar florestas tropicais a se recuperar após uma forte ação humana, aumentando seus estoques de carbono. Essa informações são resultados de uma pesquisa liderada por Lucas Paolucci, ecologista da Universidade Federal de Lavras, em Minas Gerais, e do Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia.

Segundo o estudo, que analisou a Amazônia brasileira, foi verificado que esses mamíferos gastam significativamente mais tempo em florestas queimadas, do que naquelas relativamente intactas. Assim, as antas espalham mais nas sementes nessas paisagens “degradadas” por meio de suas fezes.

Antas podem ajudar as florestas devastadas pelo homem a se recuperar

Com tamanho similar ao de um porco grande, as antas são parentes de cavalos e rinocerontes. Contudo, a anta-brasileira (Tapirus terrestris), também conhecida como tapir, é considerada uma espécie vulnerável de acordo com a Lista Vermelha da IUCN. Isso porque, sua reprodução é lenta e o animal não se recuperava bem da caça intensiva. Além disso, seu habitat na floresta está diminuindo.

Por se tratar de um animal de grande porte, uma anta pode transportar diversos tipos de sementes, incluindo as grandes. Dessa forma, suas fezes espalham essas sementes ao longo da floresta. Para se ter uma ideia, o animal pode chegar a medir 2,2 metros de comprimento e a pesar 250 quilos. Com isso, uma única anta já consegue transportar muita coisa.

Até o momento da publicação, a maioria dos cientistas apenas havia investigação essa “dispersão de sementes” em florestas mais preservadas. No entanto, Lucas Paolucci e seus colegas decidiram pesquisar o impacto de antes em florestas degradadas. Desse modo, o grupo de pesquisadores analisou três áreas da floresta, em Mato Grosso. Sendo que, duas delas havia sido submetidas a queimadas e uma delas não foi queimada.

Esses animais ajudam a espalhar mais de 24 espécies diferentes de sementes

Com os resultados, os pesquisadores descobriram que as antas transportam uma variedade enorme de sementes para florestas degradas. Com isso, esses animais defecam e depositam três vezes mais sementes em áreas deterioradas. Além disso, mais de 99% das quase 130.000 sementes que os pesquisadores encontraram no esterco das antas estavam intactas. Essas sementes eram de 24 espécies diferentes. O que significa que, as antas realizam uma grande contribuição para a diversidade de espécies que germinam em determinada área.

Segundo a equipe, essa é “a forma mais barata e geralmente mais viável de conseguir a restauração em grande escala das florestas tropicais”. Eles também sugeriram que as antas, à sua maneira, poderiam ajudar a combater as mudanças climáticas. “Quando pensamos em soluções climáticas e florestais, as antas não são a primeira opção que vem à nossa mente”, disse Paulo Brando, um dos autores do estudo e cientista assistente do Woods Hole Research Center, em Massachusetts. “Mas nosso estudo demonstra que elas desempenham um papel fundamental na recuperação florestal, dispersando espécies de sementes grandes, que se tornarão árvores de grande porte, o que significa que contribuem indiretamente para a manutenção dos estoques de carbono florestal”, completou.

Assim, os pesquisadores esperam que até 2021, a pesquisa possa apresentar novos resultados que podem apresentar novas formas de ajudar na reconstrução da Amazônia.

 

Fonte: Fatos Desconhecidos


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