Desde que você veio ao mundo, o seu corpo trava uma guerra diária. O inimigo está por toda parte: no ar que você respira; no que come e bebe; e até despercebido dentro do organismo. Para combatê-lo, contamos com um sofisticado aliado bélico. É o sistema imunológico, programado para afastar agressões do ambiente, mas que, se desregulado, pode até provocar doenças em vez de atuar como guardião. Conhecer melhor – e tratar com o devido respeito — esse mecanismo é uma das chaves para ter saúde.

 

Uma das crenças equivocadas sobre o sistema imunológico é que ele serve apenas para defender o corpo contra infecções. Essa barreira protetora do organismo, que inclui diversos órgãos e células especializadas, também participa do combate a outros agentes nocivos, como o câncer, e ajuda na regeneração de feridas, por exemplo. “Uma das funções da imunidade é manter o seu equilíbrio com o meio ambiente”, resume o clínico geral Eduardo Finger, médico da rede do plano de saúde premium Amil One, que estuda o tema desde 1991.

 

Na analogia de Finger, o corpo humano é como uma máquina alimentada por energia que foi concebida para evitar o desperdício. Quando um tumor maligno, por exemplo, alastra-se nos tecidos do corpo, para crescer ele drena esse combustível que tiramos dos alimentos. No caso de uma infecção, microrganismos invasores têm o mesmo perfil sedento. Nesse momento é que entra o papel do sistema imunológico. “Ele garante que a energia que acumulamos vai ser usada para o nosso interesse. Ter o nosso metabolismo funcionando depende disso, e é ele que nos mantém vivos”, explica o médico.

 

Esse exército é formado por inúmeras células numa rede complexa, que envolve vários órgãos. No sistema principal estão atores como o baço, o timo e a medula óssea, que produzem os famosos linfócitos, um tipo de glóbulo branco pronto para exterminar os inimigos do corpo. Como arma, liberam no sangue os anticorpos, proteínas que vão agir para barrar um tipo de invasor específico. Cada vez que o organismo entra em combate, guarda um “retrato falado” do oponente, o que vai tornando essa barreira cada vez mais eficiente.

 

Desde a barriga da mãe, o ser humano já conta com um tipo de linfócito na corrente sanguínea. O sistema será ativado assim que o bebê encara o mundo. No caso do parto normal, ele vai encontrar bactérias no canal vaginal e, dali, começar a se fortalecer perante as ameaças. “Você nasce com os anticorpos da sua mãe, que serão seu principal mecanismo de defesa até os 18 meses. Depois disso, você começa a produzir o seu próprio sistema imune, que fica pronto mais ou menos aos 18 anos”, explica Finger.

 

Segundo o médico, a imunidade do organismo segue a todo vapor até os 35 anos, quando o timo começa a sucumbir. Ele para de produzir novos glóbulos brancos e o corpo precisa se virar com o que tem. A ‘gambiarra’ pode não chegar tão bem à terceira idade. “Por isso é tão fácil imunizar bebês e crianças com vacinas e a resposta não é a mesma na idade madura”, diz. Nessa fase também ficamos mais suscetíveis a complicações de gripes e resfriados.

 

Esse sistema tem um equilíbrio ideal. Se trabalhar menos, perdemos a batalha para os agressores. Caso fique paranoico demais, ele passa a interpretar de forma errada as moléculas amigas do corpo. Surgem, então, as doenças autoimunes, como o lúpus, a artrite reumatoide e a esclerose múltipla. “Sempre que me perguntam como aumentar a imunidade eu digo que isso é uma besteira. O ideal não é mais nem menos, a reação deve ser sempre proporcional e adequada à agressão sofrida”, afirma o clínico.

 

Mas existem alguns cuidados para manter a imunidade afiada. O primeiro é não abusar dos antibióticos, que, ao combater bactérias nocivas também devastam a flora do intestino, formada por bactérias “do bem” que ajudam a barreira natural do corpo. Evitar o tabagismo e o estresse, comer bem (fuja dos alimentos ultraprocessados e capriche nas fontes naturais de antioxidantes), dormir bem e praticar exercícios também estão entre as recomendações.

 

Fonte: Revista Galileu


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