Descoberta do ESO revela que a órbita da estrela tem a forma de uma roseta e não de uma elipse, reafirmando a teoria da relatividade geral proposta em 1915

 

Observações feitas com o Very Large Telescope (VLT) do Observatório Europeu do Sul (ESO) revelaram que a estrela S2, que orbita o Sagittarius A*, buraco negro supermassivo no centro da Via Láctea, se move exatamente como previsto pela teoria geral da relatividade de Albert Einstein. A descoberta foi compartilhada nesta quinta-feira (16) no Astronomy & Astrophysics.

 

Segundo os especialistas, a órbita da estrela tem a forma de uma roseta, contrariando o formato de elipse que seria previsto pela teoria da gravidade de Isaac Newton. Isso porque a relatividade geral de Einstein prevê que as dobras no espaço-tempo causadas pelo buraco negro tornam a trajetória da estrela irregular — justamente como a observada em S2.

 

“Esse famoso efeito, visto pela primeira vez na órbita do planeta Mercúrio ao redor do Sol, foi a primeira evidência a favor da relatividade geral”, afirmou Reinhard Genzel, um dos pesquisadores, em declaração à imprensa. “Cem anos depois, já detectamos o mesmo efeito no movimento de uma estrela que orbita a fonte compacta de rádio Sagittarius A* no centro da Via Láctea. Essa descoberta observacional reforça a evidência de que Sagittarius A* deve ser um buraco negro supermassivo com 4 milhões de vezes a massa do Sol.”

 

O Sagittarius A* está situado a 26 mil anos-luz do Sol e a 20 bilhões de quilômetros da S2 durante seu período de aproximação máxima (essa distância equivale a 120 vezes a distância entre o Sol e a Terra). Quando está mais perto do buraco negro, a estrela percorre o Espaço com a um ritmo de quase 3% a velocidade da luz, o que faz com que cada uma de suas órbitas dure cerca de 16 anos terrestres.

 

De acordo com os especialistas, a maioria das estrelas e planetas tem uma órbita não circular e, portanto, se aproximam e se afastam do objeto que estão transitando. A órbita da S2 recua, o que significa que a localização do ponto mais próximo do buraco negro supermassivo muda a cada trajeto, de modo que a próxima órbita esteja rotacionada em relação à anterior, criando uma forma de roseta.

 

Graças à teoria de Einstein, é possível prever essas mudanças na órbita de estrelas como a S2 — e pesquisas como a realizada pela ESO comprovam a teoria da relatividade geral, pois medem exatamente essa trajetória. Esta é a primeira vez que esse efeito, conhecido como precessão de Schwarzschild, foi medido para uma estrela que orbita um buraco negro supermassivo.

 

“Como as medições de S2 seguem muito bem a relatividade geral, podemos estabelecer limites rigorosos de quanto material invisível, como matéria escura distribuída ou possíveis buracos negros menores, estão presentes em torno do Sagittarius A*”, disseram Guy Perrin e Karine Perraut, que também participaram da pesquisa. “Isso é de grande interesse para entender a formação e evolução de buracos negros supermassivos.”

 

Fonte: Revista Galileu


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