Sabemos que o estresse cotidiano tem um impacto na fertilidade e uma série de estudos busca entender de que maneira podemos reduzir sua influência nas mulheres que pretendem engravidar. Pesquisas indicam, na verdade, que não apenas a tensão vivenciada no momento presente mas também experiências passadas afetam a capacidade de ter filhos.

 

No último congresso da Sociedade Americana de Medicina Reprodutiva foi apresentado um trabalho que demonstrou que o estresse ainda na infância continua refletindo na vida adulta e pode impactar a fertilidade feminina. A pesquisa foi realizada com mulheres em idade reprodutiva que iriam fazer fertilização in vitro (FIV) e responderam a um questionário sobre adversidades na infância. Os pesquisadores queriam saber: afinal, o estresse precoce afeta de alguma forma a fertilidade lá na frente?

 

O resultado: 29% das mulheres inférteis tiveram confirmada a vivência de estresse precoce em suas vidas e apresentaram índices significativamente mais altos de perda precoce da gravidez após a transferência do embrião realizada via FIV. A explicação para esse desfecho é que, ao ser submetido ao estresse, nosso organismo responde produzindo hormônios que aumentam as reações inflamatórias. Esses hormônios, liberados por áreas do cérebro e pelas glândulas adrenais (que ficam acima dos rins), interferem na implantação do embrião, aumentando o risco de falhas e de perda da gestação.

 

Esse efeito é mais um exemplo também de mecanismo epigenético — em linguagem simples, a influência de fatores ambientais sobre a genética de um organismo. O estresse, no caso, atua como fator ambiental desfavorável, alterando as condições para o embrião se consolidar e prosperar.

 

Diante da importância dos fatores emocionais nesse processo, quanto mais eles forem adequadamente controlados, melhor tende a ser o prognóstico da gestação.

 

Outro aspecto bastante interessante demonstrado nesse estudo — e que também tem a ver com a fertilidade e uma gravidez equilibrada — é a associação entre estresse precoce e sobrepeso ou obesidade. O grupo que sofreu a angústia psicológica mais cedo apresentou índice de massa corporal (IMC) mais alto do que o restante livre do estresse.

 

Sabemos que os hormônios liberados em situação de estresse intenso e crônico estão relacionados ao ganho de peso, o que, por sua vez, influencia a fertilidade. Nosso organismo é uma orquestra em que todos os instrumentos precisam estar afinados e em perfeita sintonia para produzir uma boa música. Não é de estranhar, portanto, que o estresse afete a composição corporal e a fertilidade.

 

Além disso, o próprio tratamento da infertilidade, por si só, representa fonte de ansiedade e medo para os casais. As mulheres que experimentaram mais estresse anteriormente possivelmente terão mais sintomas de ansiedade e depressão nesse momento. Daí a importância de que, nesse contexto, além dos recursos e técnicas da reprodução assistida, se ofereça apoio emocional para o casal. Esse equilíbrio aumenta as chances de êxito do tratamento e da gestação.

 

Para as mulheres com histórico de estresse precoce ou distúrbios emocionais, sugiro a busca por atendimento especializado, por meio de psicoterapia e, se o médico julgar necessário, prescrição de medicamentos ansiolíticos ou antidepressivos. Esse cuidado eleva a probabilidade de também se adotar a atividade física, uma dieta saudável e o conforto na espiritualidade, tudo que ajuda a ter uma gravidez feliz.

 

Fonte: Saúde Abril.


Obs: As informações acima são de total responsabilidade da Fonte declarada. Não foram produzidas pelo Instituto Pinheiro, e estão publicadas apenas para o conhecimento do público. Não nos responsabilizamos pelo mau uso das informações aqui contidas.