Uma equipe de especialistas da Universidade Johns Hopkins, nos Estados Unidos, está estudando a disseminação do novo coronavírus com base nos princípios de uma área da física conhecida como dinâmica dos fluidos. A análise dos pesquisadores foi compartilhada na edição de maio do Journal of Fluid Mechanics.

 

O novo coronavírus pode ser transmitido pelas gotas que saem da boca e do nariz quando falamos, espirramos ou apenas respiramos. Além disso, os especialistas suspeitam que o Sars-CoV-2 permanece contagioso quando se transforma em aerossol — um conjunto de partículas bem pequenas que ficam suspensas e se comportam como um líquido (como as nuvens, por exemplo).

 

“Uma hipótese é que o vírus esteja sendo transportado por gotículas aéreas muito finas”, disse Rui Ni, coautor do estudo, em comunicado. “No momento, não entendemos completamente como essa névoa fina funciona no transporte do vírus. E isso tem grandes implicações para o distanciamento social, se basearmos essas diretrizes apenas na suposição de que as gotículas podem atingir uma certa distância.”

 

Um outro estudo citado pelos especialistas sugere que as gotas expelidas a partir de um espirro podem chegar a seis metros — o triplo da distância que as autoridades orientam manter entre as pessoas. Segundo a equipe, outros problemas que justificam uma análise mais profunda são a evaporação e a inalação de gotículas, assim como seu comportamento em ambientes internos e externos e como são afetadas por variações de temperatura e umidade.

 

Física atualizada

 

As estratégias de contenção para a Covid-19 são baseadas no que os formuladores de políticas públicas conhecem sobre a dinâmica dos fluidos. Entretanto, de acordo com os especialistas, essas informações podem estar desatualizadas.

 

“Estamos defendendo uma melhor quantificação para realmente colocar os números por trás dessas ideias”, afirmou Rajat Mittal, um dos pesquisadores. “Parte do que estamos fazendo agora para combater a Covid-19 em 2020 é baseado na ciência de trabalhos publicados na década de 1930. Aprendemos muito desde então — e a política precisa se atualizar.”

 

Um exemplo utilizado pelos especialistas são as máscaras, que devem oferecer proteção contra o novo coronavírus tanto para o usuário quanto para quem está ao seu redor. Sendo assim, os cientistas acreditam que estudar o fluxo dos fluidos que saem da boca e do nariz quando estamos usando a máscara é essencial para garantir sua eficácia.

 

Pensando nisso, a equipe da Johns Hopkins está realizando simulações considerando os diferentes tipos de rosto e máscaras disponíveis do mercado. A ideia, como explicam, é avaliar a eficácia do aparato em diferentes cenários para ajudar durante a pandemia, mas também quando tudo “voltar ao normal”.

 

“Pense nos alunos que retornam ao campus da universidade. Se soubermos mais sobre a aerodinâmica do movimento de gotículas, poderíamos potencialmente redesenhar os sistemas [de ventilação] para reduzir a dispersão de gotículas em um dormitório, por exemplo”, explicou Ni. “A mesma ideia poderia funcionar em casas de repouso. Se todos nós usamos máscaras, como isso afeta a prática do distanciamento social? Se colocarmos mais ciência por trás dessa linha de pensamento, podemos reabrir o país de forma mais segura.”

 

Fonte: Revista Galileu


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