Uma mulher que escreve cartas para o autor do livro que está lendo. Um casal que busca em suas memórias a chance de resgatar a relação distante. Em cartaz no Instituto Cultural Capobianco, A Catástrofe do Sucesso une duas peças curtas de Tennessee Williams.

 

Não é de se surpreender que um grande dramaturgo – autor de sucessos como Gata em Teto de Zinco Quente e Um Bonde Chamado Desejo, tão celebrados nos palcos brasileiros – saiba demonstrar suas habilidades em diferentes formatos. Em sua carreira, reuniu um conjunto com mais de 70 peças curtas, sobre os mesmos temas que investigou em suas obras mais famosas.

 

A diferença está na estrutura, que resgata o pensamento da filosofia que deu os primeiros passos ao que conhecemos como teatro, conta o diretor Marco Antonio Pâmio. “São textos que trabalham as unidades básicas, quase aristotélicas, de narrar um acontecimento, a ação, um mesmo espaço de tempo e lugar.”

 

A peça é uma continuidade do projeto idealizado pela atriz Camila dos Anjos de encenar peças curtas do autor. A estreia foi com Propriedades Condenadas (2014), também dirigida por Pâmio, a partir dos textos Esta Propriedade Está Condenada e Por Que Você Fuma Tanto, Lily?.

 

Na nova peça, o critério de escolha foi a busca por textos que revelassem projeções autobiográficas do autor. O primeiro, Mister Paradise, narra a história de uma garota (Camila) que encontra um livro de poesia em um antiquário. O objetivo ignorado por todos servia de calço para uma mesa. Fascinada pela escrita, ela começa a escrever cartas para o autor, mas é ignorada.

 

A curiosidade leva a moça até a residência de Anthony Paradise (Iuri Saraiva), um homem desacreditado de sua própria criação. Em pouco menos de meia hora, a leitora e o escritor têm um embate sobre a posição da arte e seu poder de fascínio na sociedade.