Gravado entre 1974 e 1975 pela RCA Victor, o disco A Frauta de Pã marcou a estreia fonográfica do jovem cantor e compositor de 19 anos, Carlos Walker. Cercado por um time de músicos de primeira linha, entre eles João Bosco, Gilson Peranzzetta, Hélio Delmiro, Octávio Burnier e Piry Reis, além de uma orquestra sinfônica arranjada por Alberto Arantes, Laércio de Freitas e Radamés Gnatalli, Walker reuniu pérolas no repertório como o acalanto Alfazema, de sua autoria, que estourou nas rádios e integrou a trilha sonora da novela global O Espigão; Modinha, poema de Cecília Meireles musicado pelo artista, e Serenata do Meio-Dia, de João Bosco e Aldir Blanc, em sua única gravação até hoje.

 

Para celebrar os 45 anos de seu lançamento, A Frauta de Pã ganha show comemorativo, com Carlos Walker e quinteto, no dia 23/2, dentro do projeto ‘Álbum’ do SESC Belenzinho, que destaca discos clássicos por sua atemporalidade e inovação estética, revisitados por seus autores.

 

O artista divide o palco com o quinteto formado pelo guitarrista Marcus Teixeira – que também assina a direção musical e arranjos –, Felipe Silveira (piano acústico e teclado), Pedro Volta Teixeira(teclado), Sidiel Vieira (baixo acústico e elétrico) e Celso de Almeida (bateria). O show contará ainda com a participação especial da jovem cantora Bruna Moraes, de 23 anos, que lançou seu primeiro e elogiado disco, Olho de Dentro, em 2013.

 

“Acho muito emblemático que, aos 63 anos, eu esteja fazendo essa ponte musical com uma jovem tão talentosa de 23 anos, que, como eu, lançou seu primeiro trabalho ainda adolescente”, destacaWalker sobre Bruna, com quem fará um dueto em Pote de Mel (Carlos Walker).

 

Além de Alfazema, Modinha e Pote de Mel, o repertório inclui ainda quatro outras músicas de Carlos Walker – Cidade Americana e Estrada da Intemperança, em parceria com Piry Reis e Aldir Blanc, respectivamente, Via Láctea e a canção-título. Outra da dupla Bosco-Aldir é O Cavaleiro e os Moinhos, gravada posteriormente por Elis Regina que, na época, teceu elogios à voz de Walker, a quem conheceu e incentivou. Completam o repertório Debaixo do Sol, de Eduardo Souto e Geraldo Carneiro, e Um dia, de Caetano Veloso.

 

“O bacana era a qualidade da coisa, toda aquela estrutura de você poder contar com uma orquestra e poder conviver com Radamés Gnatalli, um dos gênios da música brasileira”, relembra Walker. “O clima era de descobertas. Eu descobri o valor da música brasileira como fonte de inspiração para o mundo inteiro”, completa.

 

Em 2016, o disco foi considerado um dos 100 melhores álbuns brasileiros pelo jornalista, pesquisador e colecionador Bento Araújo, no livro Lindo sonho delirante (2016).