A inspiração
A mostra do Programa de Formação Artística do Circo Crescer e Viver buscou inspiração em ninguém menos que o naturalista, geólogo e biólogo Charles Robert Darwin. O ponto de partida para o processo artístico se deu a partir da visita dos alunos e professores à exposição Darwin: Origens & Evolução*, que esteve este ano em cartaz no Museu do Meio Ambiente (RJ). A exposição celebrou os 160 anos do livro “A Origem das Espécies”, publicado em 1859. No entanto, o grande feito que antecedeu a obra prima de Darwin, aconteceu entre 1831 e 1836, no momento em que a Europa fervilhava entre explicações criacionistas e evolucionistas para o funcionamento do mundo animal. Neste período, Darwin fazia a sua jornada ao redor do planeta a bordo do navio Beagle. Nesta viagem o naturalista conseguiu catalogar 1.529 espécies fósseis e 3.907 espécimes preservados. Mais de 20 anos depois, publica aquela que é considerada a maior obra da revolução da história do pensamento.
O Processo de Criação e espetáculo coletivo
O que faz um estudante das artes circenses a não ser adaptar-se ao meio para evoluir? Por quantas transformações e adaptações passou o corpo acrobático daquele que propositalmente se lança ao perigo tendo o risco como um elemento essencial da sua existência? Inicia-se, então, uma cadeia de mudanças, tanto físicas quanto psicológicas, para a pessoa que pratica as artes circenses, pois ela de fato terá de se dedicar e se transformar para garantir a sua própria evolução no circo. Nesta mostra, jovens acrobatas, trapezistas e equilibristas levarão para a cena suas pesquisas corporais, seus movimentos e, acima de tudo, a técnica circense, como elemento central transformador de sua própria existência. Tal como Darwin, estes jovens se aplicaram na descoberta de novas formas dos números circenses, tanto individuais quanto coletivos, inspirados nas imagens e nos movimentos das diferentes espécies descobertas por Darwin.
