19 mar 2020

Depósito

Postado por Redação Instituto Pinheiro em 16/03/2020 - 15:33:31

Com criação coletiva, dramaturgia de Matheus Barreto e direção de Rani Guerra, o espetáculo investiga uma vertente, denominada pelo grupo de “palhaçaria periférica”, que cria diálogos com a cidade, suas periferias, seus artistas marginalizados e suas excelências artísticas, subversivas e resistentes. O artifício do trabalho é a comicidade. O texto de Depósito surgiu de um processo de pesquisa, no qual os integrantes foram para as ruas do Itaim Paulista em busca de uma narrativa, imersos em improvisos, jogos e entrevistas com habitantes em feiras, mercados e praças, questionando-os sobre como seria para eles se a arte fosse uma expressão proibida.

 

No enredo, o vírus da arte causa uma doença com muitos sintomas e, em quadros mais graves, o paciente fica com o nariz vermelho. Para deter essa infestação um estado totalmente desarticulado é instituído com medidas severas em busca de aniquilar a existência artística: os donos do poder constroem depósitos para isolar as pessoas infectadas, chamadas de “artistas”. A montagem da Cia. Palhadiaço reflete sobre essa ‘epidemia’: haverá cura?

 

Os palhaços Terrô (Matheus Barreto), Disgraça (Jhuann Scharrye), Miséria (Priscyla Klepscke) e Catástrofe (Rogério Nascimento) são os quatro últimos artistas restantes no Itaim Paulista e são confinados. “Na cena, somos os que restaram, somos todos iguais, sem um líder, mas organizados”, explicam os atores. O nascimento de uma criança com o principal sintoma da doença, o nariz vermelho, acelera a necessidade de erradicar a síndrome. Ativistas protestam contra a ação. E a poção de cura é então sabotada pela criança que adultera o líquido com sua própria fralda. Quando ingerido por Miséria, Terrô e Disgraça, o efeito é invertido, provocando uma epifania artística.

 

O grupo, cujos integrantes são oriundos de escola de palhaços em busca de uma identidade periférica, explora os trejeitos do corpo em relação ao espaço valendo-se de uma dramaturgia circense onde gags, malabares, equilibrismo e acrobacias estão a favor da cena. Depósito é um espetáculo lúdico-musical-reflexivo, no qual a diversão é artifício para refletir sobre identidade cultural, arte e relações de autoridade. A música também desempenha papel fundamental com paródias, releituras e composições originais, entre as quais um rap, que traz uma hilária batalha de palhaços.

 

A partir da visão dos moradores sobre o artista e o papel da arte na sociedade, o enredo traz um fábula, uma distopia desarticulada, onde o artista e suas manifestações culturais se tornaram obsoletos. “Toda a forma de expressão desorganizada é perigosa e nada funcional. É neste contexto que se insere o palhaço, o ser sem órgãos, que não se organiza, não tem nenhuma valia ao desenvolvimento social, não só olha para o seu desacerto, ao contrário, coloca uma lupa sobre ele”, explicam os atores. Depósito mostra esse palhaço que evidencia o desfuncionamento e gargalha do mesmo. “Assim como o palhaço, muitas formas artísticas à margem, na beira, na periferia, podem ser tão profundas, ou até mais que aquelas realizadas em pontos mais centrais da cidade”, finalizam.

Data: 19/03/2020
Horário: 10:00
Quando: Quinta-feira
Valor: Grátis
Fonte: Assessoria de imprensa - Verbena Comunicação
Local: Casa de Cultura São Rafael
Endereço: Rua Quaresma Delgado - Jardim Rodolfo Pirani

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