Durante os oito anos em que foi Subprocurador-Geral de Justiça de Direitos Humanos do Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro, Leonardo de Souza Chaves conheceu de perto a realidade das penitenciárias do estado. As histórias, vistas ou ouvidas naquele período, servem de inspiração para seu primeiro livro. Apaixonado por literatura desde a infância, o Procurador de Justiça e professor da PUC-RJ lança o romance Desordem (Chiado Books), dia 04 de dezembro, na Livraria da Travessa do Centro Cultural do Banco do Brasil (CCBB).
A trama do livro tem como ponto cardeal um assalto que acontece em Copacabana, cenário conhecido do autor, envolvendo um trabalhador de classe média, um empresário da construção civil e o ladrão. A partir desse fato, a história se desenrola mostrando os detalhes da personalidade e do relacionamento de cada um deles com suas respectivas famílias e com a sociedade.
A obra descreve a prisão, o julgamento e as consequências da narrativa são surpreendentes para o leitor. “Sempre tive muita vontade de contar o quanto custa uma acusação injusta, mas não queria fazer um livro jurídico. Em Desordem mostro esse universo a partir de uma história criada com personagens fictícios”, explica o autor, que utilizou sua vivência na área para mostrar, de forma romanceada, o funcionamento de um processo judicial e a “ética própria” dos presos. “Faço isso apenas para dar veracidade aos fatos narrados”, completa.
Com uma temática de cunho social, o romance procura expor, com sutileza, algumas questões contemporâneas, como o peso do patriarcado, a insensibilidade do sistema judicial, a facilidade de se promover uma acusação sem provas e dilemas éticos. “Gosto de lembrar por meio da ficção alguns fatos que vêm acontecendo no Brasil nos últimos anos. Mostro como a parte mais fraca da sociedade sempre sofre com as consequências. Nesse caso, a dor da injustiça recai sobre a classe média, que às vezes, talvez equivocadamente, se acha um pouco protegida”, diz Leonardo Chaves.
O autor começou a escrever Desordem há quase dois anos. “Aproveitava os momentos livres. Alguns pontos da história foram se desenhando na minha cabeça durante o processo da escrita, embora tivesse muito definida, desde o início, a ideia central”, conta Leonardo, que já está com a segunda obra em produção.