E é do rico acervo do Memorial de Arte Adelio Sarro – localizado em Vinhedo -, inédito nas galerias e centros culturais do Brasil, que vêm as obras que compõem a mostra Sarro: O Brasileiro Global. Assim como o local construído pelo próprio artista para eternizar a sua biografia e deixá-la como legado para a história da arte no Brasil, a exposição apresenta uma linha do tempo de sua trajetória como artista, com criações de vários períodos, que se misturam a sua própria história de vida.
Em 2001, o crítico de arte francês André Parinaud escreveu: “Através da sinergia das formas e das cores de Sarro, o povo encontra-se glorificado nas suas esperanças”. E essa esperança manteve-se altiva nessas mais de seis décadas de vida dedicadas à arte, e que podemos ver retratadas em cada personagem – agricultores, trabalhadores, vagabundos, mulheres indígenas, mulatas, diaristas, mães com seus filhos – elevado ao papel de ator nas intensas e coloridas cenas cotidianas pintadas por Sarro. Mãos fortes e predominantes, pés grandes e descalços e expressões melancólicas que nos levam a um choque emocional frente a uma realidade tão remota e ao mesmo tempo tão próxima.
A exposição destaca ainda a preocupação do artista com acessibilidade, o que o levou a desenvolver um método original para que, mesmo os completamente cegos captem sua obra pela descrição em braille e, ao tatear as texturas, percebam as figuras e cores através das massas cromáticas criadas por ele. Sarro mostra ao público, também, esculturas em fiberglass e em bronze, que para ele representam uma evolução da forma, dos traços e da cor.
Todas as obras apresentadas na mostra estão sendo vistas pela primeira vez pelo público brasileiro, mas já figuraram em exposições internacionais e estiveram presentes em museus da China.