Em um artigo para o site The Conversation, a medievalista inglesa Kathryn McKinley diz que “em 1348, o italiano Giovanni Boccaccio escreveu O Decamerão, que nos dá uma amostra da vida medieval durante a Peste Negra. Os ricos se isolaram em casas de campo, onde desfrutavam de vinhos e provisões de qualidade, enquanto a classe média e pobre ‘pegou a praga aos milhares ali mesmo em seu próprio bairro, dia após dia’.”

 

Os milionários não mais se escondem em “casas de campo”; o destino agora é um bunker particular na Nova Zelândia, levando “provisões de qualidade” que podem incluem ventiladores hospitalares. A empresa americana Risinng S Company recebeu ligações tanto de novos clientes como de antigos – esses, perguntando como entrar em seus próprios abrigos, já que nunca haviam estado lá.

 

“Um executivo do Vale do Silício nos ligou para saber como abrir a porta secreta de seu abrigo. Além de checar se a combinação da porta ainda valia, fez perguntas sobre a rede elétrica e o aquecedor de água quente, e se precisava levar água extra ou filtros de ar”, contou à Bloomberg o gerente geral da empresa Gary Lynch.

 

Nova Zelândia, destino pré-apocalipse

 

O empresário de tecnologia, dono do abrigo multimilionário a quatro metros de profundidade em solo neozelandês, não é o único a fugir para lá. A Vivos foi a construtora de um bunker para 300 pessoas na Ilha Sul, a maior do país.

 

“O que realmente preocupa as pessoas é o que resultará da pandemia. Os ricos temem que um colapso econômico ou mesmo uma depressão global leve a população a se revoltar. Eles não querem ter que suas casas quando gangues de saqueadores aparecerem”, disse Vicino.

 

A Nova Zelândia é sede de mais abrigos do que se possa imaginar. A própria Rising construiu no país pelo menos dez bunkers nos últimos anos, a um custo médio de US$ 3 milhões cada. A cifra pode subir vertiginosamente com a adição de recursos como salões de jogo e para prática de tiro, academia de ginástica, cinema, teatro e mesmo uma ala médica esterilizada e completamente equipada – incluindo ventiladores hospitalares.

 

Ricos disputam com hospitais

 

Segundo o jornal New York Times, a escassez de equipamentos de ventilação é crônica e atinge o mundo inteiro, com hospitais e governos tentando maximizar o uso dos que já têm e procurando soluções alternativas. Em meio a esse caos, quem tem dinheiro sobrando está à procura de um ventilador hospitalar para chamar de seu.

 

“Administradores de hospitais e funcionários do governo me ligam sem parar à procura de ventiladores. Não somente eles; pessoas ricas também, na esperança de comprar seus próprios ventiladores pessoais”, disse o fabricante de ventiladores Ventec Chris Kiple ao jornal americano.

 

Como diz Kathryn McKinley, “O Decamerão levanta a questão de como os ricos se relacionam com os pobres em tempos de sofrimento generalizado; qual é o valor de uma vida? Em nossa própria pandemia, com milhões de desempregados devido a um vírus que matou milhares, essas questões são extremamente relevantes”, conclui.

 

Fonte: Mega Curioso


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