Eram 7h de 19 de setembro de 1949 quando Antônio Marcos de Oliveira, Ricardo Menescal, Tadeuzs Hollup, Patrick White e Laércio Martins se encontraram na Praça General Tibúrcio, na Praia Vermelha (RJ). Os cinco amigos membros do Clube Excursionista Carioca (CEC) eram praticantes de alpinismo, e o objetivo deles naquele dia era escalar o Pão de Açúcar.

 

Não era uma subida fácil, visto que o morro de 396 metros de altura não só tirava o fôlego como também tinha seus obstáculos. Os montanhistas decidiram ir por uma trilha inédita, que era mais perigosa por ser pouco explorada, muito diferente das outras duas disponíveis, que já eram de fácil acesso e conhecidas. Anos mais tarde, o trajeto recebeu o nome de Chaminé Gallotti, em homenagem ao Senador Francisco Benjamin Gallotti.

 

Eram aproximadamente 8h quando os homens começaram a subir, seguindo um percurso sem muitas surpresas, apesar do desafio de encarar algo novo. Por volta das 11h30, Oliveira, então com apenas 18 anos de idade, deparou-se com algo preso em uma fenda estreita da rocha que era apelidada de “chaminé”. Ao se aproximar, percebeu que se tratava de um cadáver.

 

A múmia de cabelos longos

 

A primeira reação dele foi gritar: “Tem uma pessoa morta aqui!”. A princípio, os amigos não acreditaram e começaram a rir, porém, depois que se aproximaram, constataram que de fato era um cadáver que não estava em estado de putrefação, e sim “mumificado”. Pendurada pelo pescoço, a pessoa tinha cabelos longos e lisos e aparentava ser uma mulher.

 

“Quando o vento bateu mais forte, o cabelo dela se desprendeu de sua cabeça e pousou no meu ombro. Foi aí que vi que era uma pessoa mesmo. Fiquei apavorado”, relatou Oliveira no documentário Cinquentona Gallotti, produzido em 2004.

 

Os alpinistas decidiram desistir da escalada e descer para avisar imediatamente à polícia. Na manhã seguinte, os cinco homens voltaram ao morro acompanhados de jornalistas, policiais e legistas, quando o corpo foi grampeado, içado do vão da rocha e carregado até o Instituto Médico Legal (IML).

 

O caso ganhou os jornais de todo o país, e as pessoas aguardaram explicações. Assinado pelo médico legista José Seve Neto, o laudo médico saiu na edição do jornal O Globo de 20 de setembro de 1949. O documento destacou que o cadáver estava no local há 6 meses e que se tratava de um homem. De pele branca, com cerca de 35 anos, a “múmia” tinha aproximadamente 1,60 metro de altura e vestia um suéter sobre uma camisa de algodão sem mangas. Não foram encontrados sinais de agressão, tampouco fraturas, e o homem não carregava documentos.

 

Mar de suposições

 

O químico Emiliano Chemello, da Universidade de Caxias do Sul (UCS), explicou que o corpo do homem foi “mumificado” devido ao mormaço da região e ao sal presente na maresia, o qual absorve a água e ajuda a retardar o processo de decomposição.

 

Os jornais apelidaram o indivíduo de “múmia da Gallotti”, uma vez que não tinha identificação. Apesar de a repercussão nacional e de várias descrições do cadáver espalhadas por jornais, ninguém apareceu para reconhecer o corpo.

 

A falta de evidências impossibilitou determinar como o homem foi parar naquele local, se por um crime ou suicídio, mas alguns jornalistas da época arriscaram que poderia se tratar dos restos mortais de um mendigo que teria se perdido e acabado no local, o que explicaria também a cabeleira longa e desgrenhada.

 

Rodolfo Campos, roteirista e diretor do curta A Múmia da Gallotti, acredita que era uma travesti. “Por ser um homem vestido de mulher e ter os cabelos cumpridos, ele poderia estar fugindo de alguém e tentou se esconder na mata”, opinou. Já para Milton Teixeira, historiador da Universidade do Estado do Rio de Janeiro, existe a possibilidade de que fosse um pescador e artesão português que morou em uma caverna na década de 1940.

 

A múmia da Gallotti foi sepultada como indigente, literalmente colocando várias pás de terra sobre qualquer chance de descobrir qual era seu nome e que tipo de horror passou para ter tido aquele fim trágico.

 

Fonte: Mega Curioso


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