Terceiro disco do cantor, compositor, músico e poeta mineiro traz diversos climas sonoros e transita entre o lirismo e a crônica cotidiana.

Um disco, vários climas. Noite e dia, amor e mágoa, família e o estrangeiro. Contradições ou complementos? Rebento, de Gui Hargreaves, não se preocupa com respostas, mas é fato que suas 12 canções funcionam como um manual de suavidade nesses nossos tempos que, eventualmente, possam parecer amargos. O repertório combina o frescor de inspirações recentes do artista com canções que estavam esperando o momento ideal para ganhar esse registro. Rebento já está disponível em todas as plataformas digitais. Ouça!

 

“Eu queria, pela primeira vez, gravar um grupo de canções antigas que eu julgava mais comunicativas, mais abertas. Pensei em registrá-las todas juntas, num projeto de sete canções. Com o andar da carruagem, descobri outras necessidades e mais: outras músicas nasceram nas madrugadas, entre os dias das gravações. Cheguei a doze faixas. Fim de Janeiro, por exemplo, foi a primeira música que compus ao violão, enquanto ainda aluno da Escola de Belas Artes da UFMG. Já Menina e Se Apaga nasceram durante o processo, se transformando nas cores complementares”, explica.

 

O primeiro single de Rebento, Pra Ela, é das canções que Gui não pode deixar de fora do setlist dos shows que faz onde quer que vá. Embora tenha sido composta há algum tempo, não integrou seus dois álbuns anteriores. “Por que não gravei antes? Eu queria esperar o melhor momento para soltá-la. Mais precisamente, eu julgava que no Braseiro era muito cedo para eu saber o que  queria fazer com a canção. No Volta não parecia encaixar na minha ideia poética, conceitual. Mesmo assim, Pra Ela sempre esteve em todos os shows, pois sempre amei performa-la ao vivo, tanto em Belo Horizonte quanto em Roma ou Nova York. Por que agora? Porque eu já havia traçado algo, delineado um caminho, não a lançaria num plano em branco. Agora eu me senti livre para levá-la a um ponto mais distante da linguagem dos dois outros álbuns precursores”, revela. O público, que canta junto em cada apresentação, agradece.

 

Aos 26 anos, Gui Hargreaves possui dois discos e um livro na bagagem. Há uma impressão, olhando de fora, que o cantor, compositor, músico e poeta possui um senso de urgência entre um trabalho e outro. “Eu não acho que os lançamentos foram tão próximos assim. No calendário foram, mas dentro de mim foi um processo longo. Eu componho demais e preciso fazer as coisas acontecerem. O Volta demorou mais de um ano para chegar ao público, mesmo gravado. Com isso, fiquei louco para fazer outra coisa, para mostrar outras cores, outros sentimentos, outro projeto. No fundo, sei que essa urgência vem de um medo de morte, um medo de ‘não dar tempo’, mas isso me impulsiona a fazer sempre. Eu faço porque preciso”, descreve.

 

Rebento tem produção assinada por Leo Marques (guitarrista da banda Transmissor). Junto dividiram ideias, inquietações e arranjos. “O Leo entendeu muito bem como eu funcionava dentro do estúdio.  Sem pressa e com tremenda urgência, o disco foi produzido, gravado e editado. Lembro-me dele dizer um dia ‘cara, não limite esse processo a nós dois. Pode ser muito rico e proveitoso convidar alguém de fora, alguém para um sopro’. Eu logo respondi: ‘Leo, a criatividade para se fazer mais potente precisa de limite. Para este projeto, em especial, o limite é esse, é nossa presença. É extremamente necessário não ter mais ninguém. Eu e você tocaremos tudo o que estiver aqui e que for de nosso desejo’”, lembra. 

 

Além dos vocais, Gui assumiu piano, teclado, sintetizadores, violino, banjo, gravador, drum machine, bateria, percussões, violão e guitarra. Leo também ficou por conta de baixos e percussões, bateria, piano, teclados, computador, lap steel, e também mixou e masterizou. “O disco é naturalmente a consequência dessa ‘limitação’. O disco é o Rebento. É o que pudemos realizar entre nós dois, com muito afeto e liberdade: não devemos esquecer nunca que toda liberdade depende exatamente das condicionantes que a limitam”, conclui. 

Pra Ela –  Era a música que eu mais esperava por gravar nos últimos anos. Esse disco, pode-se dizer, foi concebido para trazê-la ao mundo.

 

Málaga – Passei o Carnaval de 2017 em Juiz de Fora, fiquei umas duas semanas isolado, escrevendo canções. Foi quando me veio essa história:  um percurso pelo imaginário onde o barco do desejo conduz alguém num percurso real e idealizado. Málaga, para mim, é uma linda palavra, pois nunca pisei na Espanha. Além de ser terra de Picasso há esse som da palavra em minha memória na voz de João Gilberto, por sua versão da famosa canção Il mio amore è nato a Málaga que ouvia quando criança.

 

Todas as Cores – Escrevi numa noite há muitos anos, às vésperas de me encontrar com meu amigo e poeta Renato Negrão, em Belo Horizonte. Negrão brincou que era uma verdadeira prova de amor, já que eu havia escrito a letra para ele. Na verdade, eu quis enaltecer a linda riqueza cultural brasileira por meio do delicado tema da miscigenação. 

 

Fim de Janeiro – Foi a primeira canção que escrevi ao violão. Na época, em 2010, ela tinha outra harmonia e versos e se chamava Corda Bamba. No meio das gravações, eu buscava uma canção que fechasse um ciclo no projeto e me lembrei dela. Eu a destrinchei, esquartejei e recompus em outra versão, mas com o mesmo intuito e princípio poético harmônico no geral. O refrão é todo “original de época”.

 

Não Vale Nada – É uma dessas canções antigas que eu ressignifiquei, reconstruí e revi letra.

 

Menina – Uma das composições mais recentes. Uma dessas que fazia entre os dias de estúdio, virando as madrugadas. Levei-a para o ringue em forma de samba-rock, bem animada.  Ao gravar, tanto eu quanto o Leo não estávamos satisfeitos. Então, abandonei o violão e construímos uma nova ideia de arranjo a partir daí.

 

Aqui começa o “lado B” do disco…

Faço questão de pontuar isso porque o disco foi realmente organizado com um lado muito mais solar e animado ritmicamente. Enquanto o outro é mais profundo e lírico.

 

Aonde Você For  – Era uma composição antiga. Foi bem legal construir um novelo que se desenrola aos poucos, liberando sons e motivos, momentos bem únicos, vagarosamente. É uma canção longa e vai crescendo minuto a minuto. 

 

Coração – Era pra ser uma vinheta, mas acabou com tamanho de música mesmo. Vem de um pensamento literário. Um poema-canção.

 

Thinking Of Us – Minha vontade de dialogar com quem me ouve em tantos países que não falam português, mas que falam ou entendem inglês. Eu morei na Inglaterra, visitei outras vezes, gravei meu segundo disco,Volta, em Londres (que é a 5ª cidade com maior público de ouvintes online). Meu sobrenome Hargreaves vem de lá. Não dá pra negar um desejo. Queria fazer uma canção em inglês dessa vez, achei importante e fiz.

 

Eternidade –  Uma música que fala muito da minha vida, mas fala das relações familiares de um modo bastante universal. A faixa com memórias da infância de Gui resultou no primeiro videoclipe do álbum.

 

Vou Te Dizer – Uma canção dessas de anos atrás que aguardava o momento certo para gravar. O que gosto mais nela é a quebra de expectativa, logo antes do refrão. Alguém machucou o outro que diz: “agora é minha vez”. Nesse momento, a maioria das pessoas pensa que o complemento dessa frase será algo como uma vingança, mas não é. A ideia é mostrar como “amar não é difícil, é só se deixar (…) deixe estar”. A música é um voto pela ternura, pela compreensão, pelo amor e afeto, pela tolerância. 

 

Se Apaga –  A letra apareceu durante uma ducha. Debaixo de toda aquela água quente numa manhã em Belo Horizonte,  antes de rumar para o estúdio, ela veio inteira, como se estivesse mesmo me lembrando de uma canção já conhecida. A letra toda sem nenhuma mudança, a ideia harmônica, tudo veio completo. Eu cheguei direto no estúdio, tirei as passagens ao violão, transpusemos para o piano e gravamos. 

 

Fonte: Assessoria de Imprensa Ludmila Azevedo


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