Gusttavo Lima mostra carisma, arrecada doações, alegra fãs e precede outras ‘lives de sala cheia’ no Brasil, mas difere do isolamento de outros popstars; G1 analisa maratona de lives.

 

Tudo começou com popstars globais como Chris Martin, John Legend e Elton John, sozinhos em casa, fazendo transmissões simples ao vivo para se conectar com os fãs e incentivar o isolamento e doações para caridade. Todo mundo entrou na onda.

 

Mas alguns artistas brasileiros estão criando um modelo diferente: a live de quarentena com a sala cheia.

 

A live de Gusttavo Lima foi o primeiro fenômeno da música pop brasileira desde o início do período de isolamento social. Foram impressionantes cinco horas de puro carisma musical e etílico – uma alegria necessária para milhares de fãs em casa.

 

No entanto, a grande produção demandou a presença de várias pessoas na casa do cantor. Ele fugiu da receita das lives em isolamento real que estavam sendo feitas antes por estrelas pop no Brasil e no mundo.

 

Astros como Dave Grohl, Mariah Carey e Billie Eillish não tiraram suas equipes de casa para entreter os fãs e arrecadar doações. O modelo caseiro foi o mesmo em “festivais de lives” nos primeiros dias de quarentena no Brasil, como #TamoJunto e #FiqueEmCasaBR e #MúsicaEmCasa.

 

Live de sala cheia

 

O G1 enviou a Gusttavo Lima perguntas sobre a transmissão e a presença da equipe técnica, mas não teve retorno.

 

O “Buteco em casa” de Gusttavo Lima teve picos de mais de 700 mil espectadores simultâneos no YouTube e 160 mil no Instagram, no dia 28 de março. O segundo “Buteco” já está marcado para 11 de abril.

 

Foi um absurdo de audiência. É como a versão digital de um megaevento físico como Rolling Stones em Copacabana. Muitos popstars mundiais não conseguem reunir tanta gente em uma live nesses dias de quarentena.

 

Mas não foi só o número de espectadores que impressionou. Uma diferença importante foi do número de pessoas que estavam presentes na casa do cantor para realizar a produção luxuosa.

 

Jorge e Mateus e Léo Santana seguiram a ‘sala cheia’

 

Uma semana depois, Jorge e Mateus ainda bateram de longe essa marca já alta. A live no sábado (4), que também teve garçom servindo cerveja, banda acompanhando e várias pessoas no local de gravação, chegou a 3 milhões de espectadores simultâneos.

 

Durante a transmissão, circulou nas redes sociais uma imagem que mostra a aglomeração de pessoas nos bastidores. Segundo a assessoria de Jorge e Mateus, no total, 18 pessoas participaram do projeto e houve um revezamento ao longo do processo de produção.

 

Com público menor, Léo Santana foi mais explícito no modelo da “sala cheia”, colocando quatro músicos atrás dele na live feita na sexta-feira (3).

 

Na live de Gusttavo Lima, havia câmeras, garçom servindo cerveja e churrasco, violonista e uma equipe de vídeo que ocupava um escritório improvisado atrás da sala. Só entre as que apareciam ao fundo em algumas cenas, eram cerca de dez pessoas – umas de máscara, outras não.

 

A live de Jorge e Mateus tinha, além do garçom, quatro músicos de apoio, mais de uma câmera e ainda pessoal técnico para a gravação. Jorge disse ao vivo que a equipe era a mínima necessária e que estavam todos de máscara – segundos depois de um roadie aparecer sem máscara.

 

Astros distantes

 

O cenário com cerveja e churrasco de Gusttavo Lima era bem diferente, por exemplo, de Elton John sozinho em sua cozinha, incentivando os espectadores a ficarem isolados também. Foi de lá que ele apresentou o programa iHeart Living Room Concert.

 

Elton John mostrou vídeos de Dave Grohl, Billie Eilish e Finneas, Mariah Carey, Billie Joe do Green Day e outros dos músicos mais famosos do mundo. Todos sozinhos, em gravações simples. Só durante a transmissão, o iHeart Festival arrecadou US$ 8 milhões em doações.

 

Chris Martin deu o tom

 

A onda mundial de lives como uma das soluções para a música pop em isolamento começou com Chris Martin, líder do Coldplay. O mundo ainda estava começando a implantar medidas de distanciamento social necessárias para deter o avanço do coronavírus.

 

Também sozinho, sem nenhuma produção, Chris Martin tocou, conversou, incentivou os fãs a ficarem em casa, e anunciou o festival beneficente Together At Home.

 

O festival criado por Chris Martin junto com a ONG Global Citizen teve John Legend, Camila Cabello e Shawn Mendes, Nial Horan e outros nas salas de suas casas. Nenhum chegou perto da produção de Gusttavo Lima ou Jorge e Mateus. Era todo mundo solitário ou com a família.

 

O lamento de Marília

 

No Brasil, Marília Mendonça fez lives no modelo caseiro, também com picos de 160 mil pessoas no Instagram. Durante a transmissão de Gusttavo Lima, ela escreveu no Twitter:

 

“Olá, Gusttavo Lima, gostaria de dizer, em nome do sindicato dos “fazedores de ao vivo” que o Sr. está inviabilizando o conceito live e que não vai dar pra te copiar. Obrigada.”

 

Além de Marília, outros internautas falaram sobre o tamanho da produção . Mas a maioria dos comentários eram de elogios ao show. Com o microfone dourado na mão, Gusttavo mostrou o tamanho do seu carisma.

 

Cachaça e publis

 

Ele fez propaganda de cerveja, bebeu bastante o produto anunciado e virou um bêbado daqueles que não param de falar e cantar.

 

Além de bebida e música, a transmissão de Gusttavo Lima, e as semelhantes na semana seguinte, tiveram inúmeras propagandas de produtos. Os merchans são boa notícia para um mercado musical que encara uma enorme crise à frente e precisa achar novos modelos para se sustentar.

 

Doações

 

Ainda na parte financeira, Gusttavo Lima anunciou que, durante a transmissão, arrecadou R$ 100 mil e toneladas de donativos para instituições de caridade. Outros shows seguintes também arrecadaram milhares de reais, segundo os cantores. Necessário e louvável.

 

Mas se a ideia fosse só entreter e arrecadar sem se isolar, certamente Chris Martin teria feito uma produção nível Coldplay com luzes, efeitos especiais e uma equipe gigante. Dinheiro e público para isso ele tem.

 

Mas, como diz o nome do festival, Together at Home, a ideia dele era não tirar várias pessoas de casa.

 

A meta da Global Citizen é arrecadar ao menos US$ 10 milhões, que serão cobertos em dobro pelo Facebook. Somados aos US$ 8 milhões do iHeart Festival, é uma boa quantia arrecadada sem precisar tirar técnicos de casa nesse momento.

 

Diferente de mercados, farmácias, jornalismo, transportes…
Durante o período de quarentena, há atividades essenciais definidas pelo governo federal, como supermecados, farmácias, transportes e o jornalismo, que dão insumos e informações essenciais neste período, e não podem parar.

 

Não há menção à transmissão de eventos musicais ao vivo nestes decretos. Mas o mercado musical tem definido por conta própria no mundo que os músicos, mesmo os mais famosos, fiquem em casa com suas famílias e façam as lives para os fãs na mesma situação.

 

Ministro dá a orientação

 

Na transmissão de Jorge e Mateus, o ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, apareceu em vídeo, falou aos artistas que fazem show de casa e reforçou a orientação de isolamento.

 

“Importante que a música chegue, mas que a gente não aglutine, que não coloque as pessoas no mesmo lugar”, disse o ministro.

 

Fonte: G1


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