Os morcegos são portadores naturais de vários tipos de coronavírus. Por isso, os cientistas da Université de La Réunion, da França, e do Museu Field, nos EUA, resolveram comparar os diferentes tipos de vírus da família que vivem em 36 espécies distintas de morcegos no oeste do Oceano Índico e em Moçambique. Assim, eles descobriram que ambos estão evoluindo juntos há milhões de anos — alguns grupos ou gêneros de morcegos possuem até mesmo uma cepa própria de coronavírus.

 

“Descobrimos que há uma profunda história evolutiva entre morcegos e os vírus da [família] coronavírus”, diz Steve Goodman, biólogo do Museu Field e autor de um artigo publicado na Scientific Reports. “Desenvolver uma melhor compreensão de como os coronavírus evoluíram pode nos ajudar a criar programas de saúde pública no futuro.”

 

Ao longo da pesquisa, foram analisados mais de mil morcegos, dos quais 8% apresentavam alguma espécie de coronavírus — e não há evidências de que elas ameacem ou sejam transmitidas para humanos.

 

Após identificar os vírus, os pesquisadores realizaram análises genéticas e encontraram relações entre a família viral e várias espécies de morcegos. “Com base na história evolutiva dos diferentes grupos de morcegos, é claro que existe uma coexistência profunda entre os morcegos (no nível de gênero e família) e seus coronavírus associados”, diz Goodman.

 

“Descobrimos que, na maioria das vezes, cada um dos diferentes gêneros de famílias de morcegos para os quais as sequências de coronavírus estavam disponíveis tinham suas próprias cepas”, afirma.

 

Além disso, foi possível notar que, em raros casos, morcegos de diferentes famílias, gêneros e espécies que vivem nas mesmas cavernas compartilham entre si a mesma cepa de coronavírus.

 

O biólogo alerta ainda que a caçar e matar esses animais, como alguns grupos tem feito após a eclosão da pandemia, é injustificável. “Há evidências abundantes de que os morcegos são importantes para o funcionamento do ecossistema, seja para a polinização de flores, a dispersão de frutas ou o consumo de insetos responsáveis ​​pela transmissão de doenças aos seres humanos”, diz Goodman. “O bem que eles fazem por nós supera quaisquer potenciais negativos.”

 

Fonte: Revista Galileu


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