O grafite, antes estereotipado como manifestação marginal, periférica, é um poderoso instrumento de democratização da arte na cidade.

 

Semana passada, soube que Tim Burton, cineasta mundialmente conhecido, produziu um painel exclusivo para transformar uma das faces de um edifício na cidade de São Paulo. O mural, idealizado pelo diretor americano, foi pintado por Luna Buschinelli. A artista transformou uma fachada cinza e monótona em um gigante e simpático robô. Uma maravilha! Arte gratuita e disponível para elogiar e criticar.

Há quem goste, há quem não; porém, duvido que se possa ficar inerte frente a um painel belíssimo do artista brasileiro Eduardo Kobra. O homem é, como dizem popularmente, “um fera”. Tem suas expressões artísticas internacionalmente conhecidas e reverenciadas em cidades cosmopolitas, como Nova Iorque e Amsterdã.

Quem vai à zona portuária do Rio de Janeiro pode admirar a arte de Kobra. As faces multicoloridas pintadas pelo artista fazem o espectador pensar o Brasil por outro prisma e lembra o multiculturalismo nacional sem hierarquias, sem preconceitos.

O grafite, antes estereotipado como manifestação marginal, periférica, é na minha forma de compreender um poderoso instrumento de democratização da arte na cidade. Pena quando são mal compreendidos e, ao invés de preservados, são apagados como fora feito em 2017 pelo prefeito João Dória em São Paulo, no que ficou conhecido como a “maré cinza”.

Em Fortaleza, as experiências do Festival Concreto são patrimônio para nossa capital. Desde 2013, inúmeras intervenções urbanas foram oferecidas ao público. Algumas obras ainda estão por aí, outras, infelizmente, o ritmo da cidade as efemeriza. Cabe a estruturação de política pública com objetivo de transformar a cidade, e digo todos os bairros, em uma enorme galeria de arte. Aí está algo a ser mais incentivado.

 

ARTE URBANA

E quem pensa que a arte é coisa para especialistas ou para uma determinada classe social está redondamente enganado. A arte urbana não é só embelezamento (mas também o é, e muito!). A arte denuncia, a arte informa, a arte suaviza a dureza da vida cotidiana.

 

Quero elogiar a iniciativa da Escola Estadual Adauto Bezerra, localizada no bairro de Fátima, em Fortaleza!

 

Os estudantes, em vários painéis, exprimiram sua arte nos muros que rodeiam a escola. Inspirados em suas vivências, ofereceram aos transeuntes e motoristas quadros cotidianos e complexos.

Vamos pintar a cidade! Se não é possível derrubar todos os muros (que são horríveis), melhor transformar em telas, sem censuras! Como o que é bom se imita, esse poderia ser um movimento disseminado em todas as escolas. Quem sabe quantos “Kobras” surgirão? A urbanidade agradece !


Fonte: https://diariodonordeste.verdesmares.com.br/opiniao/colunistas/alexandre-queiroz-pereira/murais-e-paineis-urbanos-expressoes-artisticas-por-todos-os-cantos-1.3169053


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