Mães e pais vêm tentando balancear saúde financeira das famílias com tempo livre das crianças.

 

A notícia do fechamento de escolas públicas e privadas do Rio de Janeiro na última sexta-feira (13) pegou as famílias de surpresas. Pais e mães tiveram que, às pressas, traçar estratégias para incluir os pequenos na rotina de trabalho adaptada por conta da quarentena.

 

Ao final da primeira semana de isolamento, veja relatos de como mães e pais vêm lidando com a questão, enquanto tentam balancear a vida profissional e a saúde financeira das famílias.

 

Quarentena para filha e avó
A analista de planejamento de produto Kívia Magioni ficou assustada quando recebeu a notícia, na última sexta-feira (13), de que as aulas na filha Valentina, de 8 anos, haviam sido suspensas a partir de segunda-feira (16).

 

Mesmo ciente de que deixar a filha com a avó não era o mais indicado, ela se viu sem opção diante da situação.

 

“Deixei ela com a avó e não vou buscar por enquanto, não faz sentido eu que pego ônibus e metrô porque preciso trabalhar estar com elas, porque posso colocá-las em risco. Ela vai ter que ficar lá direto. É difícil, estou morrendo de saudades, mas não vou buscá-la por medo de ser uma ponte (do coronavírus)”, lamenta.
Avó e neta não estão saindo à rua e ficam em casa, resguardadas. “Evitando até os abraços que a avó adora”, diz Kívia, moradora da Vila da Penha, na Zona Norte do Rio.

 

Trabalhar enquanto as crianças dormem
Com o pai das filhas morando em Brasília, a consultora pedagógica Juliana Hampshire está precisando se virar para trabalhar de casa com as duas meninas, Lia, de 5 anos, e Celina, de 3.

 

“Eu estou de home office desde quinta-feira (12) e está sendo um super desafio. Para conseguir fazer uma reunião, tive que espalhar brinquedos pela sala inteira, o sofá ficou todo revirado e estou tendo que apelar para a TV mais do que gostaria e muito mais do que elas estão acostumadas”, conta ela.

 

Moradora do Grajaú, na Zona Norte do Rio, ela conta que as filhas já estavam familiarizadas com os perigos do coronavírus por conta da escola.

 

“Tem um lado meio lúdico, elas acham que acham que o coronavírus é uma entidade que vai aparecer. Eu falei que a gente não ia poder ir na pracinha e elas disseram ‘claro, imagina se a gente está lá e ele chega e vê a gente?'”, conta ela, que está precisando trabalhar depois que as duas dormem.
Tempo em família e preocupação com os gastos

 

A fotógrafa Gabriela Moura e o marido Thiago Sá, engenheiro civil, são autônomos e viram o volume de trabalho despencar por conta dos impactos econômicos do novo coronavírus. Os dois estão cuidando de três crianças em tempo integral: Moreno, de 2 anos, Flor, de 4 anos e Nalu, de 6 anos.

 

“Estou tentando encarar a quarentena com otimismo. Nesses dias, maratonamos muitos filmes, comemos, fiz brigadeiro, pipoca, perdemos a pressa de tudo. Vou fazer um ensaio de fotos que a Nalu quer, construímos uma pista de brinquedo, brincamos de pique. Estamos muito com as crianças”, conta Gabriela, moradora de Jacarepaguá, na Zona Oeste.

 

Apesar do tempo bem empregado em família, segue a preocupação quanto à saúde das contas. “O impacto financeiro é imenso, eventos e obras cancelados e dinheiro sem entrar”, lamenta ela.

 

Empreendedora entre trabalho e filho
A designer de sobrancelha Jessica Thais, de 27 anos, moradora do Complexo do Alemão, na Zona Norte, tem se dividido entre duas preocupações: o filho que está em casa sem aulas e sua pequena loja, onde viu o movimento cair 60% na última semana.

 

“Estou abrindo só horários anteriormente marcados por causa do meu filho Teo, de 8 anos. Não deixo ele sair, ele fica com uma amiga minha que é a única pessoa que tem contato com ele. O pai dele trabalha o dia inteiro em Copacabana, então estamos bem preocupados”, diz ela.
Nesta quinta-feira (18), ela conta que está preocupada com as finanças, por conta da queda do movimento, mas que pensa em fechar o estabelecimento, por conta do filho e da dificuldade de comprar o material que precisa para trabalhar, já que o produto vem da China.

 

“A maior preocupação agora precisa ser com nossos filho. Eu não me perdoaria se meu filho pegasse e eu soubesse que eu fui a transmissora, isso me deixa apavorada”, diz.

 

Fonte: G1.


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