Uma das doenças sexualmente transmissíveis mais comuns, a sífilis pode permanecer escondida no corpo por anos. Mas um novo estudo da Universidade de Washington em Seattle, nos Estados Unidos, pode explicar o porquê disso.

 

Liderada pela professora de neurologia Christina Marra, a pesquisa aponta que a bactéria responsável pela doença tem um gene que “engana” o sistema imunológico humano, evitando a sua detecção. A descoberta foi feita após a equipe de Marra comparar os genomas de bactérias da sífilis coletadas de um homem que havia sido infectado quatro vezes.

 

As amostras de sangue analisadas pelos cientistas foram recolhidas durante duas infecções que ocorreram em um intervalo de seis anos. Entre essas infecções, o voluntário do estudo foi infectado e tratado mais outras duas vezes. Dessa forma, os pesquisadores procuraram entender se havia diferenças dos genomas da bactéria entre a primeira e a última infecção, o que poderia explicar como os genes do micro-organismo haviam mudado e como isso permitiria novas infecções em uma pessoa cujo sistema imunológico já havia lidado com a doença.

 

Então, os pesquisadores foram supreendidos. “Entre das quase 1,1 milhão de bases que formam o genoma da bactéria, só houve umas 20 mudanças totais. É um numero muito baixo”, observou Alex Greninger, professor assistente do Laboratório de Medicina da Universidade de Washington, em um comunicado. “Mas, em um único gene, vimos centenas de mudanças.”

 

O gene “camaleão” é o tprK, responsável por fornecer as instruções necessárias para a síntese de uma proteína na superfície da bactéria. Como são mais facilmente detectáveis, as proteínas da superfície das bactérias são grandes alvos do sistema imunológico. Dessa forma, o tprK usa da conversão gênica para substituir partes do genoma bacteriano – e, assim, mudar sua aparência superficial, o que evita uma resposta do corpo humano.

 

Como os vírus e os parasitas, muitas bactérias têm em suas superfícies uma única proteína que se destaca e chama mais atenção do sistema imunológico. Conhecida como imunodominante, esse tipo de proteína pode proteger a bactéria de ataques. “[Ela] age como uma distração, puxando o sistema imunológico para longe das proteínas que podem ser o calcanhar de aquiles da bactéria. Mais trabalho será necessário para determinar se esse é o caso da proteína do tprK”, explica Greninger.

 

Os pesquisadores acreditam que é por causa desse “disfarce” causado pelo tprK que alguns casos de sífilis são mais persistentes e atingem estágios mais avançados. Além disso, a descoberta também ajuda a entender por que algumas pessoas podem manifestar a doença mais de uma vez, como se nunca tivessem desenvolvido alguma imunidade a ela.

 

Segundo o Boletim Epidemiológico publicado pelo Ministério da Saúde em outuro de 2019, entre 2010 e 2018, os casos de sífilis no Brasil aumentaram 4.157% vezes.

 

Exclusiva do ser humano, a doença é facilmente curável com o uso da penicilina benzatina (benzetacil), e pode ser prevenida com o uso de camisinha nas relações sexuais.

 

Fonte: Revista Galileu


Obs: As informações acima são de total responsabilidade da Fonte declarada. Não foram produzidas pelo Instituto Pinheiro, e estão publicadas apenas para o conhecimento do público. Não nos responsabilizamos pelo mau uso das informações aqui contidas.