Uma análise da Universidade de Washington, nos Estados Unidos, prevê que a população mundial provavelmente atingirá seu pico em 2064, chegando a aproximadamente 9,7 bilhões de pessoas. Daí em diante, o número de seres humanos no planeta deve começar a cair, atingindo 8,8 bilhões em 2100. A estimativa, publicada nesta terça-feira (14) no periódico The Lancet, diminui em cerca de 2 bilhões o número de pessoas no mundo em relação a estudos anteriores.

“O crescimento contínuo da população global ao longo do século não é mais a trajetória provável para a população mundial”, disse Christopher Murray, que liderou a pesquisa, em declaração à imprensa. “Este estudo oferece aos governos de todos os países a oportunidade de começar a repensar suas políticas sobre migração, força de trabalho e desenvolvimento econômico para enfrentar os desafios apresentados pelas mudanças demográficas.”

O novo estudo também prevê grandes mudanças na estrutura etária global: 2,37 bilhões de indivíduos terão mais de 65 anos em 2100, enquan7 apenas 1,7 bilhão terão menos de 20 anos de idade. “As implicações sociais, econômicas e geopolíticas de nossas previsões são substanciais. Em particular, nossas descobertas sugerem que o declínio no número de adultos em idade ativa reduzirá as taxas de crescimento do PIB que poderão resultar em grandes mudanças no poder econômico global até o final do século”, ponderou Stein Emil Vollset, coautor do artigo.

Fertilidade
Prevê-se que até 2100 a taxa de fertilidade total (TFR), que representa o número médio de filhos que uma mulher tem ao longo da vida, ficará abaixo de 2,1 em 183 dos 195 países analisados. Isso indica uma queda na população, pois a taxa de 2,1 é considerada o “nível de reposição” para manter o número de pessoas.

Grande parte desse declínio é previsto em países de alta fertilidade, em especial na África Subsaariana, onde as taxas devem ficar abaixo do nível de reposição pela primeira vez — de uma média de 4,6 nascimentos por mulher em 2017 para apenas 1,7 em 2100. No Níger, por exemplo, onde a taxa de fertilidade foi a mais alta do mundo em 2017 (aproximadamente 7), deve ser de 1,8 em 2100.

Portanto, a queda na população mundial está diretamente relacionada à diminuição da TFR. Este número, por sua vez, está ligado ao acesso cada vez maior a métodos contraceptivos e à educação sexual pelo mundo.

“Enquanto o declínio da população é potencialmente uma boa notícia para reduzir as emissões de carbono e o estresse nos sistemas alimentares, com mais idosos e menos jovens surgem desafios econômicos à medida que as sociedades lutam para crescer com menos trabalhadores e contribuintes”, disse Vollset.

Imigração

O estudo também sugere que o declínio da população poderia ser compensado pela imigração. De acordo com os cientistas, os países que promovem a movimentação liberal de pessoas poderão manter seus índices populacionais, apoiando seu crescimento econômico.

“Em última análise, se as previsões forem até 50% exatas, a migração se tornará uma necessidade para todas as nações, e não uma opção”, defendeu Ibrahim Abubakar, da Universidade College London, na Inglaterra, que não fez parte da pesquisa, em comentário também publicado no The Lancet. “A distribuição das populações em idade de trabalhar será crucial para a humanidade prosperar ou murchar.”

Ponderações

Os especialistas destacam que o estudo propõe reflexões importantes sobre as mudanças radicais no poder geopolítico. Para eles, o século 21 levará a uma revolução na história da civilização humana, pois as populações da África e o mundo árabe moldarão o futuro, enquanto a Europa e a Ásia recuarão em sua influência.

Estas mudanças, entretanto, não devem minguar o investimento em educação sexual e na distribuição de métodos contraceptivos. “Existe um perigo muito real de que, diante da população em declínio, alguns países possam considerar políticas que restrinjam o acesso a serviços de saúde reprodutiva, com consequências potencialmente devastadoras”, explicou Murray. “É imperativo que a liberdade e os direitos das mulheres estejam no topo da agenda de desenvolvimento de todos os governos.”

 

Fonte: Revista Galileu


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