Você se besunta de protetor solar quando vai passar o dia na praia e acha que está fazendo tudo certinho em relação ao sol? Bem, se isso for algum alívio, você é como a maior parte dos homens: apenas 20% deles passam protetor solar diariamente antes de sair de casa, segundo uma pesquisa que fizemos com 616 leitores e divulgamos no mês passado aqui na VIP.
“A maioria dos homens teme que a pele fique pegajosa e esbranquiçada pelo protetor, não tem uma rotina de cuidado com a pele ou alega que está sempre correndo e não tem tempo para isso”, afirma a dermatologista Camila Meccia, da CD Clínica Dermatológica, no Rio de Janeiro.
A primeira lição em relação à proteção solar, portanto, é esta: nunca saia de casa sem aplicar o filtro nas áreas que vão estar expostas (ou, ao menos, no rosto). Mesmo que esteja chovendo – a radiação do sol atravessa as nuvens. Mesmo que você vá ficar o dia todo sentado à frente do computador – a luz artificial também faz mal à pele ao estimular a produção de radicais livres, o que pode causar manchas e envelhecimento.
Consultamos pesquisas científicas recentes e dermatologistas para elaborar esta lista com 11 coisas que você talvez não saiba sobre exposição e proteção solar. Leia tudo e garanta seu lugar ao sol neste verão – mas com filtro, certo? Sempre.
1. Ficar pimentão leva até 24 horas
Em termos médicos, segundo o dermatologista Marcelo Bellini, da Clínica Corpo em Evidência, em São Paulo, o processo de virar um camarão é conhecido por eritema. As ondas UVB não penetram muito profundamente na pele, mas causam uma reação fotoquímica superficialmente, na epiderme. A resposta natural do organismo é ativar o sistema imunológico: o fluxo de sangue é aumentado e pode ocorrer congestão dos vasos capilares e inchaço, geralmente um sinal de inflamação. Uma proteína ativa a produção de células imunológicas em resposta à radiação UVB. Acredita-se que essas moléculas que causam aquela dor e ardência associadas à vermelhidão, estimulando terminações nervosas na pele. Todas essas reações não ocorrem de imediato: elas levam entre oito e 24 horas. Por isso que quando saímos da praia tudo parece bem – e depois do banho ou no dia seguinte é que percebemos o estrago.
2. Raios UVB são os mais perigosos
Há dois tipos de radiação ultravioleta (UV) do sol: UVA e UVB. Como qualquer radiação eletromagnética, elas têm ondas de frequências específicas. Os raios UVA têm entre 315 e 400 nanômetros. Os UVB, entre 280 e 315. Os efeitos danosos estão nas ondas entre 290 e 400 nanômetros. A atmosfera filtra grande parte dos raios danosos, e 95% dos que atingem a Terra são UVA. Sorte, porque, embora os UVA também causem danos à pele, os mais perigosos são os segundos, que provocam estragos no DNA, envelhecimento e câncer.
3. Bronzear-se é uma defesa à radiação
Todo o processo descrito no item 1 é também responsável pela ativação dos melanócitos, células da camada mais profunda da pele. Quando ficamos muito tempo expostos, eles migram para a superfície e produzem mais melanina, pigmento que absorve
os raios UV. Para oferecer essa proteção, a melanina escurece por oxidação – portanto, a pele também fica mais escura.
4. Sol pode causar mutação genética
A radiação solar pode mudar o DNA das células da pele. E, como processo de renovação celular da derme é rápido – a cada 28 dias novas células substituem as velhas –, a probabilidade de as mutações passarem adiante é grande. Você sabe: elas são a base do câncer. E os danos são cumulativos. Estudo divulgado na Science mostrou que um quarto das células da pele de pessoas com mais de 55 anos já estavam comprometidos.
5. Há dois tipos de protetor solar
Os filtros solares têm como função impedir que os raios UVA e UVB façam mal à pele. Mas há duas formas de isso acontecer. Os protetores físicos, segundo Marcelo Bellini, são compostos por minerais como óxido de zinco e ferro, que contêm substâncias refletoras ou dispersoras da luz – são aqueles, portanto, que formam uma barreira e não são absorvidos pela pele, mais indicados para grávidas e crianças. Já os químicos possuem uma série de substâncias químicas que reagem com a pele e absorvem a radiação. Com isso, as moléculas do produto ficam agitadas, mas voltam depois ao estado natural, o que faz com que a pele receba uma fração de energia solar menos agressiva – o resto acaba refletido. “Atualmente, as boas marcas associam físicos e químicos para aumentar a capacidade de proteção ao UVA e B”, diz o dermatologista.
6. O FPS é uma fórmula matemática
O fator de proteção solar que aparece na embalagem dos produtos esconde em si uma fórmula matemática: é um multiplicador de quanto tempo sua pele pode ficar a mais no sol antes de se queimar. Por exemplo: se você leva cinco minutos para se queimar no sol, aplicando um protetor 30 vai ter 150 minutos antes de o processo começar – e, portanto, tem 150 minutos antes de voltar a aplicar o protetor. Acha muito complicado ficar fazendo conta enquanto bebe uma cervejinha na piscina? Então adote um tempo padrão de duas horas para cada reaplicação – isso quando você estiver exposto. No dia a dia, repassar uma vez basta. “No geral, diariamente, um FPS 30 é suficiente, se aplicado da forma correta. Isso pode variar de acordo com a cor de pele da pessoa, hábitos de trabalho, lazer ou esporte, histórico familiar de câncer de pele e doenças como melasma – aí é preciso fatores mais altos ou fatores de proteção físicos”, afirma Camila Petrilli, também da CD Clínica Dermatológica. Não esqueça que sua pele leva pelo menos 15 minutos para absorver totalmente o produto, por isso que ele deve ser passado antes de sair de casa.
7. Muitos filtros não protegem contra os raios UVA
Ok, os raios UVA podem não ser os mais perigosos, mas também causam danos, como envelhecimento e câncer de pele. Preste atenção: há no mercado protetores que só bloqueiam os raios UVB. Para ter certeza de que você está realmente protegido, procure nos rótulos do produto a ação antiUVA e antiUVB.
8. O câncer de pele é o mais comum no país
Ele é responsável por um a cada quatro tumores malignos registrados no Brasil. O câncer não melanoma, se diagnosticado precocemente, tem altos percentuais de cura, de acordo com o Inca (Instituto Nacional de Câncer José Alencar Gomes da Silva): embora seja o de maior incidência, é o de mais baixa mortalidade (em 2013, 1 020 homens e 782 mulheres morreram no país). É mais comum ele surgir em pessoas com mais de 40 anos e é relativamente raro entre crianças e negros. As principais vítimas são pessoas de pele clara, sensíveis à ação dos raios solares.
9. Não adianta se lambuzar de filtro
Existe uma quantidade correta de protetor solar para a pele. Usar menos do que o recomendado não é eficiente e passar mais é desperdício. O ideal é 2 miligramas de protetor por centímetro quadrado de pele. O que isso significa? “Existe uma regra básica da ‘colher de chá’ para medir a quantidade de protetor a ser aplicada”, afirma a dermatologista Camila Meccia. “Aplique uma colher em cada uma dessas regiões: rosto, cabeça e pescoço. Braço e antebraço são 1 colher em cada lado. Coxas e pernas, 2 colheres de cada lado. Tronco frente e costas, 2 colheres.”
10. Fotoproteção não é só aplicar protetor
De acordo com a dermatologista Camila Petrilli, fotoproteção compreende um conjunto de ações para se proteger do sol. “Devemos evitar exposição em horários de pico e por períodos prolongados, escolhendo sombras e usando roupas e chapéus quando estivermos na praia”, afirma. Os horários mais indicados são antes das 10h e após as 16h.
11. Filtro à prova d’água não é exatamente à prova d’água
“Os protetores não são 100% resistentes à água”, diz Camila Petrilli. “Os testes comprovam resistência quando até 50% do produto ainda permanece após o mergulho. Por isso, mesmo os filtros resistentes à água devem ser reaplicados depois disso.”
Escolha o seu protetorMarcelo Bellini ensina: tem pele oleosa? Prefira gel, musse ou fórmulas antioleosidade. Pele mista? L.oção oil free ou sérum. Para pele seca, vá de creme.
Fonte: HuffPost Brasil
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