A tartaruga-da-amazônia (Podocnemis expansa) é uma espécie de grande porte que tem como característica o comportamento social forte. Ela pode ser encontrada nos rios da bacia Amazônica, mas atualmente está em declínio populacional devido à sua captura para o consumo.

 

O tráfico de carne e ovos dessa espécie é estimulado pelo alto valor — uma tartaruga adulta pode custar de 800 a mil reais no mercado ilegal. A espécie é dispersora de sementes, ajuda na limpeza dos rios e é fonte de alimento para os ribeirinhos. Por isso, sua extinção pode causar diversos problemas para o ecossistema local.

 

Pensando nisso, a Associação da Conservação da Vida Silvestre – ou Wildlife Conservation Society (WSC), em parceria com a Fundação Grupo Boticário, criou um projeto que visa reunir dados comportamentais das tartarugas para desenvolver estratégias de conservação. Para atingir o objetivo, a iniciativa utiliza drones e hidrofones para monitorar as tartarugas nos períodos de desova e de nascimento dos filhotes.

 

Esse é o momento de mais vulnerabilidade desses animais, já que eles prezam pelo cuidado parental: os pais esperam o nascimento dos filhotes para migrarem juntos, reunindo grandes grupos em um mesmo local. Entre 200 e 300 mil filhotes podem nascer em uma mesma noite, o que facilita a identificação e a captura dessas tartarugas.

 

Ao combinar imagens aéreas, comunicação acústica e dados ambientais, os cientistas colhem informações que ajudam a prever quando ocorrerá a desova e o nascimento das tartarugas. Assim, eles também conseguem estimar quando será necessária uma maior fiscalização. “A nossa ideia é tentar melhorar os métodos usados para proteger as espécies”, afirma Camila Ferrara, ecóloga da WCS Brasil. “Usamos o drone para entender o comportamento das fêmeas. A comunicação acústica serve para compreendermos o som que elas emitem para coordenar a desova.”

 

Os resultados, que ainda estão sendo analisados, mostram a dinâmica de ocupação das praias, bem como a importância da comunicação por som entre as tartarugas. “No período do nascimento, acompanhamos a etapa que antecede a saída dos filhotes dos ninhos. Assim, podemos identificar os padrões”, explica a cientista.

 

Segundo ela, as análises poderão ser usadas por diversas ONGs de conservação e pelos próprios governos para auxiliar a conservação desses animais. “O importante é alinhar a ciência e a conservação. É preciso entender a biologia e o comportamento das espécies para depois pensar em projetos de conservação que consigam ser mais eficientes”, afirma.

 

Fonte: Revista Galileu


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