Os fungos são organismos presentes em praticamente todos os ambientes. Para se ter uma ideia, eles podem ser vistos no solo, no ar, na água, nas comidas e até mesmo dentro dos nossos corpos. Contudo, mesmo com toda essa abundância eles passam desapercebidos porque sua maioria não pode ser vista a olho nu.Os fungos são organismos presentes em praticamente todos os ambientes. Para se ter uma ideia, eles podem ser vistos no solo, no ar, na água, nas comidas e até mesmo dentro dos nossos corpos. Contudo, mesmo com toda essa abundância eles passam desapercebidos porque sua maioria não pode ser vista a olho nu.

Mesmo assim, a importância deles é gigante. E como eles não podem ser vistos a olho nu, podem existir fungos onde menos se imagina. Por exemplo, é possível que milhares de redes de comunicação de fungos existam e conectem os ecossistemas florestais do mundo todo. Esses fungos existiram em uma espécie de teia de madeira. Essa teoria tem ganhado cada vez mais atenção dos pesquisadores nas últimas décadas.

De acordo com uma visão que foi publicada recentemente na “Nature Ecology & Evolution”, essa teia pode ser maior do que somente hifas. Segundo três biólogos da Universidade de Alberta e da Universidade da Colúmbia Britânica, no Canadá, e da Universidade do Mississippi, nos EUA, a visão de outros pesquisadores sobre o assunto foi exagerada, mesmo que de forma involuntária, a respeito das evidências que suportam os modelos de redes microrrízicas bastante complexas. Eles fizeram isso ignorando as limitações que os estudos anteriores tinham sobre o mesmo assunto.

 

Estudo

Por isso que nesse novo estudo os biólogos analisaram mais de 1.500 artigos científicos para ter a certeza das alegações que eram baseadas em evidências fracas ou que não tinham nem mesmo evidências. Como resultado, eles descobriram que nos últimos 25 anos, a porcentagem de alegações sem nenhum suporte dobrou. Isso foi visto junto com uma maior tendência em citar os efeitos positivos dessas redes de fungos.

“Algumas das citações sem suporte vieram de nossas próprias publicações anteriores. Esses tipos de declarações sem fundamento são um problema porque nós, cientistas, provavelmente sem intenção, nos tornamos vetores de afirmações sem fundamento”, escreveram os biólogos Jason Hoeksema, Melanie Jones e Justine Karst.

De acordo com esses modelos de teias de madeira, as redes simbólicas de fungos e árvores dão alguns recursos, como água e nitrogênio, para outras plantas. E ao mesmo tempo que fazem isso vão “falando” para seus descentes a respeito de perigos como insetos e predadores.

Desses fatos, o que ninguém vai contra é o de que os fungos realmente fazem uma relação independente com as árvores, tanto que vivem dentro das suas raízes ou então perto delas no solo. Contudo, essa complexidade das vastas redes de compartilhamento de recursos e conhecimentos, que são chamadas de redes micorrízicas, são bem mais difíceis de serem definidas. Por isso que, conforme pontuam os biólogos, ainda não existe uma evidência para confirmar essa rede.

“Argumentos estão sendo feitos agora para mudar o manejo e a política florestal com base nessas informações. Cientistas podem estar moldando a narrativa pública com uma caracterização cada vez mais imprecisa”, pontuaram os três biólogos.

 

Rede de fungos

 

Tanto é que, fazer esse mapeamento sobre os fungos e as árvores é uma tarefa bastante difícil e somente cinco estudos foram feitos em dois tipos de floresta. Com eles se estudou somente duas espécies de árvores de um total de cerca de 73.300 no mundo todo.

Por conta disso que esses estudos também não conseguiram mostrar que essas conexões fúngicas são permanentes. “As hifas e as raízes micorrízicas mudam rapidamente e são arranhadas – processos que quebram as conexões”, ressaltaram eles.

Nesse novo estudo, os cientistas fizeram experimentos com vasos de plantas e vários arranjos de malha para que as raízes ou fungos não crescessem em determinados lugares. Com isso, eles analisaram o impacto de uma planta não ter acesso a essa rede de fungos.

Contudo, ainda nos experimentos que tiveram resultados positivos foi difícil para que os pesquisadores pudessem descartar outras explicações que também pudessem determinar o mesmo resultado visto, como por exemplo, colocar uma malha em volta do sistema radicular de uma planta que pode mudar a composição dos patógenos ou fungos no solo. Mesmo que isso seja uma intervenção bem artificial, isso pode influenciar o crescimento da planta.

“Esses potenciais fatores de confusão não são devidamente controlados em muitos experimentos”, argumentaram os pesquisadores. Mesmo assim, até quando os próprios autores apontaram as limitações dos experimentos que eles fizeram, elas são ignoradas por vezes nos estudos originais. Por conta disso é que existe a impressão de que as redes fúngicas são bem mais fortes do que realmente são.

 

Observações

Visto isso, Hoeksema, Jones e Karst recomendaram várias coisas para que outros experimentos consigam determinar a existência dessas redes de fungos, como por exemplo, fazer um mapeamento dos fungos em uma quantidade grande de florestas no mundo todo através de corantes para que se consiga rastrear a água que essa rede capta. Fazendo isso, os pesquisadores poderão coletar não apenas esses dados, mas outros adicionais de possíveis fatores de confusão.

“Vamos conceber novos experimentos, exigir melhores evidências, pensar criticamente sobre explicações alternativas para os resultados e nos tornarmos mais seletivos com as afirmações que disseminamos. Se não, corremos o risco de transformar a teia da floresta em uma fantasia sob nossos pés”, concluiu o trio.


Fonte: https://www.fatosdesconhecidos.com.br/uma-rede-de-fungos-pode-conectar-as-florestas-e-isso-que-se-sabe/


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