É bem provável que você já tenha ouvido falar sobre algumas das soluções tecnológicas e alimentares que estão sendo desenvolvidas nos últimos anos para que a humanidade consiga lidar com alguns de seus mais graves problemas, como a fome e as mudanças climáticas.

 

Recentemente, a revista Nature publicou 5 artigos, revisados por pares, sobre as possibilidades de se aproveitar a enorme diversidade dos chamados “alimentos azuis”, a exemplo dos peixes, crustáceos e algas, para a redução da desnutrição, dos impactos ambientais e para a criação de novos meios de subsistência. Mas, nem tudo é tão simples!

 

A complexa discussão por trás dos “alimentos azuis”

 

Numa escala mundial, as pessoas consomem mais de 2.500 espécies ou grupos de algas, plantas aquáticas, crustáceos e peixes

 

Para se ter ideia do que isso representa, basta considerar que esses alimentos constituem fontes de renda e maneiras de subsistência para cerca de 100 milhões de pessoas. Sem falar que também são a principal fonte de proteína para 3 bilhões de indivíduos.

 

Os “alimentos azuis” também oferecem diversos micronutrientes considerados vitais para o ser humano, tais como ferro e zinco. Sendo que muitos deles previnem doenças, retardo de crescimento e são fundamentais para evitar mortes prematuras.

 

Considerando os benefícios dos alimentos oceânicos para a saúde do ser humano, o excelente potencial para o aumento da produção global e os impactos ambientais relativamente baixos que causam, é inegável que eles podem ter um papel fundamental no desenvolvimento de um sistema alimentar mais saudável e sustentável para a humanidade nos próximos anos ou décadas.

 

Todavia, ainda falta um debate amplo sobre essa categoria de comida. Ou melhor, sobre o que pode ser feito para que os benefícios e vantagens apontados acima, de fato, possam se tornar realidade.

 

Na verdade, até existem discussões a esse respeito, porém, a maioria delas tende a ser superficial ou generalizada. Por exemplo, abordando apenas a expansão em massa da prática da aquicultura.

 

E é aqui que todos os pontos positivos e as oportunidades dos “alimentos azuis” podem ser perdidos, conforme os estudos publicados na Nature: quando se ignora todas as particularidades e necessidades desse grupo alimentar, as chances de se tomar decisões erradas aumentam significativamente.

 

O motivo é simples: é praticamente impossível separar o que fazemos na terra daquilo que fazemos no ambiente aquático. Afinal, tudo está interconectado. Isso significa que entidades, governos e qualquer interessado no assunto devem pensar na questão como um sistema integrado.

 

Sabemos que os “alimentos azuis” podem ser fundamentais para diminuir os níveis de fome e desnutrição no mundo. Porém, a quantidade cada vez maior de fertilizantes e agrotóxicos utilizados na agricultura tem criado extensas zonas mortas nas águas costeiras.

 

O caso acima é apenas um dos obstáculos. Mas serve para mostrar que, ao ignorar os “alimentos azuis” ou considera-los de forma separada da produção terrestre, corre-se o risco de perder oportunidades importantes para o futuro da humanidade.

 

O poder das algas

 

Quando falamos sobre a tal “alimentação azul”, pensamos mais em peixes e crustáceos. Mas algas podem ser as heroínas na luta contra a mudança climática que, por sua vez, gera impactos negativos na produção alimentar, seja terrestre ou oceânica. Veja só:

 

alimentar o gado com algas vermelhas pode ajudar a reduzir a emissão de metano em até 80%, de acordo com um estudo publicado da revista PLOS One;
plástico e diversos outros produtos químicos industriais produzidos com base em petróleo podem ser substituídos por compostos feitos com algas marinhas. Aliás, existem empresas investindo nisso, especialmente porque as algas são fáceis de serem cultivadas e crescem rápido;
as algas podem contribuir para remover o carbono da atmosfera, uma vez que absorvem CO2 enquanto crescem, mantendo-o pressurizado no oceano quando morrem.
Não existe milagre
Em uma simples comparação com o frango, os mexilhões contam com 76 vezes mais vitaminas B12, e uma truta cerca de 19 vezes mais ômega 3 que essa ave.

 

Mas os “alimentos azuis” não são e nem podem ser considerados uma bala de prata capaz de consertar o nosso sistema alimentar mundial. Lembra do que falamos acima sobre a importância de pensar de forma integrada? Pois bem, o que os especialistas alertam/recomendam é que os alimentos oceânicos sejam totalmente incluídos nas discussões e nas tomadas de decisões futuras dos setores mais importantes da sociedade.

 

Afinal, estamos falando sobre a possibilidade de diminuir os níveis de fome no mundo, gerar oportunidades de renda, criar mercados, prosperar muita gente que vive com pouco e, claro, fazer com que os alimentos aquáticos tornem-se mais acessíveis.

 

No fundo, é mais um ponto de luz e de esperança para a humanidade. Afinal, saber que os “alimentos azuis” podem ser uma solução para combater a desnutrição, a fome e os impactos ambientais abre excelentes perspectivas para o futuro!

 

Fonte: Mega Curioso.


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