O filme conta a história de Elisa Esposito (Sally Hawkins), uma mulher órfã e muda que trabalha como faxineira em uma base de pesquisa do exército americano. Apesar de se comunicar através da linguagem de sinais, Elisa consegue ouvir. Ela possui uma rotina diária e seus melhores amigos são Zelda (sua colega de trabalho) e Giles (seu vizinho).

 

Sua rotina muda quando testemunha a chegada de uma criatura anfíbia no laboratório em que trabalha. Ela cria empatia pelo ser e decide salvá-lo quando descobre que ele será sacrificado. Esta criatura vive acorrentada dentro de um tanque, porém ao se aproximar, Elisa, percebe que ela não representa ameaça e passa a visitá-la todos os dias.

 

Não demora muito para que Elisa se apaixone por este “monstro” e pense em uma forma de tirá-lo de lá. Mas para isso terá que despistar o temido Strickland (Michael Shannon), chefe de segurança do local. O que posso dizer sem soltar spoilers do mal, é que A Forma da Água é um filme lindo e que foram duas horas bem aproveitadas. Porém quero dar 3 motivos (apesar de existirem vários) para te convencer a assistir esta trama.

 

O ROMANCE ENTRE ELES

Vamos começar pelo principal? Apesar da história se passar na época da Guerra Fria, o foco está no romance entre Elisa e a criatura (não consigo chamar de monstro, desculpa del Toro). E fica fácil torcer pelos dois. Elisa é delicada e doce. Ela se comunica através da linguagem de sinais e se preocupa com as pessoas que estão em sua volta. No início do filme – quando conhecemos a sua rotina – notamos o cuidado que ela tem com o seu vizinho (que a trata como filha) e como presta suporte no seu trabalho. Fiquei com vontade de conhecer mais sobre o seu passado, pois ele deve ter sido bem sofrido.

 

Já o tal “monstro” (que de monstro não tem nada) nos conquista logo de cara. Possui olhos expressivos e também só se comunica através dos sinais. Ele não representa ameaça, apenas quando está sendo ameaçado (autodefesa). Claro que o ator Doug Jones é o responsável por criar essa empatia. A forma com que ele usa a linguagem corporal para expressar os seus sentimentos, conquista qualquer um.

 

A FOTOGRAFIA E ARTE

Como disse ali em cima, a atuação de Doug Jones fez tudo parecer real. Ele foi expressivo e soube usar a linguagem corporal para expressar sentimentos e convencer o público de que ele não era o vilão da história. O verdadeiro monstro é o ser humano. Já que o foco do enredo está na relação entre a criatura e Elisa, para fazer com que o público se apaixone e torça por eles, investiram na caracterização da criatura anfíbia. A maquiagem e as próteses usadas ficaram perfeitas.

 

É impossível não se entusiasmar pelas ideias do Guillermo del Toro. Por mais que eu não saiba analisar um longa de forma profissional, é fácil sentir a sua paixão pelo trabalho. Tanto que ele investiu mais de $200.000 do próprio bolso para o seu projeto sair do papel. A sua ideia inicial era gravar “A forma da água” em preto e branco, mas descartou essa possibilidade quando soube que a diferença de valores (fonte) entre um filme colorido e preto e branco seria mínima.

 

E que bom que ele descartou essa ideia, não é mesmo? Pois o trabalho gráfico está maravilhoso e achei incrível como conseguiram produzir várias sequências subaquáticas sem gastar uma gota de líquido. Outra coisa que notei, enquanto assistia, foram os detalhes verdes no decorrer da trama. Seja em algum objeto e até mesmo no figurino para fazer ligação com a natureza e nos lembrarmos de onde essa criatura surgiu.

 

Gosto de observar a forma com que o Gullermo trabalha as cores. O Labirinto do Fauno é o meu filme favorito e se você analisar as cores escolhidas para representar o mundo da Ofelia, notará a diferença. No mundo real de Ofelia os tons predominantes são: cinza, verde e marrom (cores frias para representar a realidade da época trabalhada); já no mundo fantasioso as cores predominantes são vermelho e dourado.

 

Porém por mais que a abertura de A Forma da Água lembre O labirinto do Fauno, as comparações terminam aí. Nesse filme – por mais que também seja uma fantasia –  os mundos se refletem. Não há duvidas que este universo realmente exista. E preciso finalizar esse tópico elogiando a trilha sonora. Como Giles (o vizinho de Eliza) é apaixonado por artes temos várias referências, seja nas pinturas que ele faz ou até mesmo na televisão que assiste.

 

UM CONTO DE FADAS PARA ADULTOS

A Forma da Água é um conto de fadas para adultos. E não digo isso por causa da sua classificação(pois há cenas de nudez), mas sim por causa da mensagem transmitida. Estamos acostumados a encontrar histórias infantis com finais felizes, todavia, isso acontece porque as crianças não nascem com preconceito. Elas aprendem a ter e é isso que é trabalhado no longa.

 

Guillermo aborda discussões como rivalidade entre países, solidão, racismo, homofobia entre outras intolerâncias com delicadeza e compaixão. Tanto que a ideia do nome do filme partiu da teoria do filósofo Platão; de que em sua forma mais pura, á água, toma a forma de um icosaedro (um poliedro de 20 lados). Partindo da ideia de que a beleza e humanidade tem muitas faces.

 

Fonte: Sai da Minha Lente


Obs: As informações acima são de total responsabilidade da Fonte declarada. Não foram produzidas pelo Instituto Pinheiro, e estão publicadas apenas para o conhecimento do público. Não nos responsabilizamos pelo mau uso das informações aqui contidas.