O espetáculo Canto das Ditas – Fragmentos Afrografados de Cidade Tiradentes, montagem do núcleo Filhas da Dita, tem apresentações gratuitas em teatro da zona leste e zona norte da capital paulista. Com direção e dramaturgia de Antonia Mattos, a montagem entrelaça a força ancestral de orixás femininas com a força de mulheres negras na construção do bairro Cidade Tiradentes.

No Teatro Flávio Império (ZL) as sessões ocorrem nos dias 29 e 30 de abril e 01, 05 e 06 de maio (sexta a domingo, quinta e sexta, às 19h). Já no Teatro Alfredo Mesquita (ZN) a encenação acontece nos dias 13, 14 e 15 de maio (sexta e sábado, às 21h, e domingo, às 19h).

Essas apresentações integram o projeto das Filhas da Dita, Insistência Periférica: Uma Possibilidade Teatral de Reparação História, contemplado pela 35ª edição do Programa Municipal de Fomento ao Teatro para a Cidade de São Paulo.

Para refletir sobre como a África se manifesta no dia a dia das moradoras de Cidade Tiradentes, as Filhas da Dita encararam o desafio de ‘afrografar’ o bairro – referência ao termo ‘afrografias’ da poetisa e ensaista Dra. Leda Maria Martins, que coloca em evidência e consciência a nossa herança africana. O trabalho do grupo mapeou esse legado ancestral por vários ângulos: ao próprio redor, junto a parentes, pessoas próximas e até mulheres desconhecidas que caminham pelo bairro.

Canto das Ditas coloca em cena histórias de mulheres pretas de Cidade Tiradentes que se entrecruzam com histórias de Yabás (orixás femininas). A montagem busca o reflexo das histórias do cotidiano em um espelho ‘mítico’ das personagens sagradas. A diretora explica que “a narrativa espiralada procura se relacionar com um tempo mítico, da memória e da ancestralidade. As personagens reais correspondem a arquetípica das personagens míticas. Recorremos ao ‘espírito ancestral feminino’, às ‘grandes mães da humanidade’, às yabás para contar as histórias dessas mulheres, as Ditas, que fundaram Cidade Tiradentes”.

As atrizes que interpretam as quatro mulheres – Bendita/Nanã, Marta/Iemanjá Maria/Iansã, e Joana Nega Su/Obá – são Ellen Rio Branco, Lua Lucas, Luara Sanches e Thábata Letícia, respectivamente. Segundo Antonia, “a poética cênica é atravessada por elementos e saberes ancestrais, dentro de um tempo/espaço que aponta para as reminiscências de um passado sagrado, buscando fortalecer o presente e deslumbrar o futuro”. A origem da humanidade na África e a fundação de Cidade Tiradentes são contadas simultaneamente: o passado sagrado se revela no presente e no passado recente.

A origem do bairro passa pela força dessas mulheres negras que alí chegaram, se instalaram e fizeram a história local. E são delas as histórias encenadas em Canto das Ditas – Fragmentos Afrografados de Cidade Tiradentes, onde a música tem papel fundamental, trazendo a voz e o canto dessas mulheres em um cenário que se estabelece entre o ritual e o urbano contemporâneo. “Tempos e lugares diferentes mostram que, apesar da repressão sofrida, as mulheres sempre se reuniram em grupos para buscar alternativas, desafiar o sistema patriarcal e mudar sua condição, seja na sociedade secreta africana de Eleko, seja na Casa Anastácia (Centro de Defesa e Convivência da Mulher) em Cidade Tiradentes”, reflete Antonia Mattos.

FICHA TÉCNICA – Direção e dramaturgia: Antonia Mattos. Elenco: Ellen Rio Branco, Lua Lucas, Luara Sanches, Thábata Letícia e Cláudio Pavão. Direção musical: Jonathan Silva. Concepção de luz: Antonia Mattos e Fernando Alves. Cenário e figurino: Eliseu Weide. Contrarregra: Gley Santos. Fotógrafa: Sheila Signário. Assessoria de Imprensa: Verbena Comunicação. Produção executiva: Dandara Kuntê. Assistência de produção: Ariel Muniz. Idealização: Filhas da Dita.  Estreou: 12/07/2019. Realização: Secretaria Municipal de Cultura, por meio do Programa Municipal de Fomento ao Teatro para a Cidade de São Paulo.

O grupo – Filhas da Dita nasceu em Cidade Tiradentes, em 2007, e vem mantendo contínuo processo de criação artística.  Em seu repertório estão os espetáculos: Os Tronconenses (2007), A Guerra (2013), Sonho de Tatiane – Uma Poética Sobre Juventudes (2017) e Canto das Ditas – Fragmentos Afrografados de Cidade Tiradentes (2019). Em 2015, brotou a faísca de um desejo: a construção do fazer artístico novo, mas que mantivesse a memória progenitora. “Afinal, se somos Filhas, nossas mães têm cara, voz e corpo nos nossos processos. Dessa constatação desembocam estudos aprofundados sobre a feminilidade e suas subjetividades com recorte de raça/etnia”, relatam as integrantes do grupo. Em sua montagem mais recente, Fragmentos Afrografados de Cidade Tiradentes, buscam visibilizar narrativas que sempre foram e ainda são negligenciadas. Em 14 anos de trabalho é evidente o aprofundamento de uma prática artística com e no território, além da articulação em rede com outras coletividades periféricas.

Serviço

  • EspetáculoCanto das Ditas – Fragmentos Afrografados de Cidade Tiradentes
  • Com: Filhas da Dita
  • Ingressos: Gratuitos.
  • Gênero: Drama.
  • Duração: 70 min.
  • Classificação: 14 anos.

 

29 e 30 de abril e 01, 05 e 06 de maio

  • Sexta a domingo | quinta e sexta – às 19h
  • Teatro Flávio Império
  • Rua Prof. Alves Pedroso, 600 – Cangaíba. SP/SP. Tel: (11) 2621-2719.

 

 

13 e 14 de Maio, às 21h e 15 de maio

  • Sexta e sábado, às 21h | Domingo, às 19h
  • Teatro Alfredo Mesquita
  • Av. Santos Dumont, 1770 – Santana. SP/SP. Tel: (11) 2221-3657.

Fonte: VERBENA ASSESSORIA | Eliane Verbena


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