“Desde 31 de Dezembro de 2019, foram relatados casos de pneumonias em pessoas que trabalhavam ou frequentaram um mercado de frutos do mar [e que comercializava outros tipos de animais vivos], localizado na cidade de Wuhan, na China. Dias depois, a partir de exames laboratoriais específicos, constatou-se que estes casos foram causados por um novo tipo de coronavírus”, explica o médico do Instituto de Infectologia Emílio Ribas e do Hospital Santa Isabel, Rodrigo Contrera Rio. Em contrapartida, Thiago Zinsly, infectologista no Hospital Israelita Albert Einstein, diz que “acredita-se que este vírus possa ter se originado de cobras ou de morcegos, que são consumidos em refeições na região [de Wuhan], que atingiu a capacidade de ser transmitido destes animais aos seres humanos e, posteriormente, de pessoa para pessoa”.

 

“Os coronavírus são conhecidos desde a década de 60 e podem causar desde resfriado comum até síndromes respiratórias graves”, esclarece o Dr. Zinsly. O 2019-nCov, o novo coronavírus, é uma variação do mesmo vírus que causou a SARS (Síndrome Respiratória Aguda Grave), na China, em 2003, e a MERS (Síndrome Respiratória do Oriente Médio), em 2012. Essa é a prova de que os vírus estão em constante mutação.

De acordo com a Secretaria de Saúde de São Paulo, de modo geral, a principal forma de transmissão dos vírus dessa família viral se dá por contato próximo. Assim, algumas das medidas de como se prevenir do coronavírus incluem higienizar as mãos com água e sabão, utilizar álcool em gel e evitar colocar as mãos no nariz, e evitar viagens para a China e países asiáticos por ora. Ou seja, “a prevenção está sobretudo baseada nas medidas de higiene da tosse”, afirma Contrera.

 

Sobre uma possível vacina, Zinsly diz que “existem relatos de vacinas sendo desenvolvidas, mas serão necessários ainda muitos meses para os testes em animais serem completadas e, posteriormente, outros meses de testes em humanos”. Nos EUA, mais especificamente em San Diego, na Califórnia, o laboratório da Inovia já está numa corrida contra o tempo para conseguir uma vacina contra o novo coronavírus e testá-la em humanos até o final de junho. Eles usam como base a sequência de DNA do vírus e as próprias células do corpo do paciente para trabalhar a imunização.

 

Acredita-se que o tempo de incubação do vírus oscile entre 2 até 14 dias, segundo o Centro de Controle e Prevenção de Doenças dos Estados Unidos (CDC, Atlanta). “Embora tenhamos cerca de 170 óbitos confirmados pela doença, atualmente com 2% de taxa de mortalidade, que é realmente menor do que as taxas observadas na SARS (em torno de 10%) e na MERS (em torno de 39%), não devemos, de maneira, alguma subestimar a infecção“, garante Rodrigo Contrera.

 

A situação de emergência declarada pela OMS é adotada em casos em que “as taxas de mortalidade são muito elevadas, quando se necessita intensificar as ações globais para conter a doença” ou ainda “quando se constata que o vírus esteja apresentando uma capacidade de disseminação mais rápida do que a inicialmente esperada, como é o caso deste novo Coronavírus”, esclarece o infectologista Contrera. Na prática, a adoção dessa medida significa que a comunidade global vai aumentar seus esforços para controlar o surto do 2019-nCov.

 

Até o momento, mais de 7700 casos foram registrados, levando a mais de 170 óbitos, espalhados por 18 países. O médico Rodrigo Contrera aponta que “acredita-se que exista uma razoável probabilidade de epidemia evoluindo para uma pandemia (espalhamento em nível global de uma nova doença, segundo a OMS), o que dependerá da efetividade das medidas globais já instituídas para tentar conter o avanço da doença”. Já Thiago Zinsly pontua que o risco de uma epidemia existe, mas que ainda não há motivo para pânico generalizado.

 

Fonte: Capricho.


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